quinta-feira, 27 de maio de 2010

Minha teoria sobre arquétipos e a guerra dos sexos

Tenho um amigo que é lindo. Parece até modelo de comercial de perfume. É verdade!
Pra melhorar as coisas, é querido, honesto e bom caráter, inteligente, meigo, compreensivo. Um verdadeiro anjo. [Ah! Se ele me desse bola...]
O fato é que estávamos tomando um café e eu disse o quanto ele está melhorando com a idade. Ele sorriu, timidamente, e respondeu: "Que é isso, Cé, eu não me acho tudo isso, não". Quase caí da cadeira, de susto!
Um outro amigo, um grandalhão boníssimo, rapaz simpático e de coração generoso, tem receio de se aproximar de uma garota porque acha que não é tão inteligente nem tão culto quanto ela. E um outro amigo, ainda, evitou se envolver com uma mulher porque achava que não daria conta dela na intimidade.
Sim, os homens também têm dessas coisas!
Minha teoria dos arquétipos cada vez se confirma mais e mais. As mulheres, antes campeãs de insegurança, agora dividem espaço com os homens. Por quê? Desde a Segunda Guerra Mundial, as mulheres foram incentivadas (pressionadas, motivadas...) a deixar suas casas e entrar no mercado de trabalho, ocupando um espaço deixado pelos homens que estavam nos campos de batalha. (Vejam só o cartaz em que Rosie, ícone feminino americano da época, posa para a campanha "We can do it!"). A roda da economia tinha de girar e o setor produtivo não podia parar. A mulherada foi à luta... e adorou! Passou a ganhar o próprio dinheiro (e quem tem o dinheiro tem autonomia... tem poder sobre suas escolhas!). Essa necessidade socioeconômica gerou uma mudança no padrão arquetípico feminino. Antes a mulher tinha papeis bem definidos: era donzela e virginal até se casar. Casada, assumia os cuidados do lar e da família. Virava "Grande Mãe". Se não fosse casada mas exercesse sua sexualidade livremente, era a "Devoradora".
Aos homens, cabiam basicamente dois papeis: Guerreiro (o conquistador) e Grande Pai (o provedor). Pois bem, quando os homens voltaram da guerra, encontraram Guerreiras e Provedoras no lugar das donzelas e das mamães. O papel que antes eles exerciam com exclusividade agora estava nas mãos das pessoas que eles deveriam proteger, possuir, cuidar...  O homem se torna inseguro de seu papel e de seu espaço (também de sua própria masculinidade) e vê-se aflorarem outros arquétipos masculinos, como o órfão e o andarilho, por exemplo. O perfil do órfão é o do homem que se sente atraído por mulheres fálicas,  "poderosas" e se apoia nelas emocional e financeiramente. O andarilho não quer compromisso com nada e ninguém. Adora não ter a responsabilidade de prover uma casa e uma família. (Há outros arquétipos, mas pra falar de tudo o que está envolvido, este blog viraria um livro!!!). Isso vem se potencializando ao longo das décadas, com a ascensão das mulheres no mercado de trabalho, a competição acirrada para manter um lugar ao sol e o poder (seja ele de que ordem for)...
Tenho ouvido mulheres de diferentes idades, classes sociais, nacionalidades, etnias e graus de instrução se queixarem da falta de homens. Não faltam homens. Falta, e muito, equilíbrio entre os arquétipos, equilíbrio nas relações. Falta equilíbrio nas relações porque as mulheres deram um salto enorme e muito rápido, movidas, incentivadas e amparadas pela mídia, pela sociedade, pela prórpia natureza humana, enquanto os homens não tiveram nenhum preparo, nem apoio e nenhuma ajuda para entenderem o que viria pela frente e o que veio depois. Chegou a hora de preparar o "homem do futuro" para que as próximas gerações sejam mais equilibradas, para que não haja tanta disputa e tanta insegurança.
Minha geração está espremida entre o pós-guerra e o futuro incerto. Infelizmente, sofremos com algumas consequências negativas da evolução sexual - que parece ter preparado apenas um lado da balança para mudar - o nosso! Com um crescimento desigual, acabamos arcando com mais responsabilidades, mais exigências, maiores demandas e menos companhia. Mulheres superpoderosas e... sozinhas!
Não defendo o retorno aos anos 40 e 50, com a mulher rainha do lar e submissa. Longe disso! Defendo uma tomada de consciência, diálogo franco e aberto, honestidade e transparência nas relações. [Competição selvagem não é saudável.] Há espaço para todos no mundo (natural, corporativo e social). É preciso achar o ponto de equilíbrio!!!
Sei que isso não resolverá décadas de desequilíbrio assim, num estalo. Mas já é um bom começo! Vamos erguer as mangas... com classe e delicadeza. Temos pulso forte, não punhos!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O ministério da saúde adverte: falta de memória pode causar perda de amizades!!!

Ontem (25 de maio), recebi um telefonema de minha querida e amada amiga Denise G. enquanto dirigia. Não pude atender na hora e liguei depois. Pedi desculpas por não ter atendido. Ela respondeu: "Eu te perdoo por não ter atendido o telefone antes, mas não te perdoo por ter esquecido do meu aniversário no domingo!"
Senti um frio na espinha. Domingo? Mas não era amanhã? Ela me cortou - fingindo estar muito brava: "Não adianta vir com essa conversa. Foi domingo e você esqueceu!" [o pior é que eu achava mesmo que era no dia 26!].
Fiquei tão sem graça que tive vontade de sumir. Houve um tempo em que eu não precisava de agenda para nada. Tinha uma memória prodigiosa. Lembrava dos aniversários de todas as pessoas queridas. Hoje nem vaga lembrança. Cheguei em casa e me lembrei de que era o aniversário de outra amiga, Ana C. Telefonei e a cumprimetei. Ela riu e disse: "É amanhã, Celinha!" (Eu sabia que alguém fazia aniversário no dia 26, viu?).
Este ano, em março, deixei passar o aniversário de 16 anos da minha sobrinha, que mora em Santos. Fiquei arrasada. Mandei uma mensagem via Orkut pedindo perdão. Ela, um doce de garota, disse pra eu não esquentar. Mas eu esquento, sim. A pessoa esquecida se sente menos querida. Pode até pensar que não tem importância na vida da gente. Não é verdade. Eu posso esquecer as datas, mas não esqueço as pessoas. Não esqueço nunca o sorriso meigo da minha sobrinha, seus olhos azuis de boneca quando fita a gente, muito séria, e o ar de menina que ela está perdendo, agora que está virando mulher.
Também não esqueço do sorriso (agora metálico de aparelho) da minha amiga Denise G., sua risada gostosa, sua imitação do sotaque "de catarina", quando conta algum causo, e dos tapas que ela me dava quando via um fusca azul. (Uma brincadeira que ela adora. Toda vez que vê um fusca azul dá um tapa em quem estiver do lado e grita: "Fusca Azuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuul!")
Já fiquei com marcas arroxeadas no braço, numa viagem que fizemos de SP a São Carlos. Para minha desgraça, todos os fuscas azuis do mundo pareciam ter o mesmo destino que nós.
Lembro também do dia em que fomos rezar juntas num santuário, pedindo por um amigo que precisava de ajuda. E a ajuda veio.
Dê, posso ter esquecido do dia do seu aniversário, mas NUNCA, JAMAIS enquanto eu viver vou esquecer você. Beijo no coração. Espero que me perdoes.

Golpistas me dão nos nervos!

Hoje fui ver uma amiga que é dona de uma doçaria. [Aliás, se você mora em Curitiba, não deixe de visitar a "Sem açúcar". Delícias sem açúcar para quem é diabético ou apenas quer evitar o açúcar].
Bem, chegando lá, minha amiga estava agitadíssima, quase em pânico. Acabara de receber um telefonema de uma moça de nome Maria Eduarda, funcionária de um cartório de SP, avisando que havia 4 títulos vencidos em nome da doçaria. Se a dívida não fosse paga rapidamente (em uma hora, disse a moça), eles seriam protestados. Atordoada, minha amiga perguntava: Mas... como? Que títulos? Não sei de nada! A moça deu a ela o telefone de um advogado que estava cuidando do caso. Minha amiga ligou para ele. O tal advogado disse que os títulos eram de uma empresa de publicidade de SP e que a assinatura dela havia sido reconhecida nos documentos. Passou a ela o número do processo e recomendou que ela pagasse imediatamente. Achei tudo aquilo muito suspeito. "Isso me cheira a golpe", pensei. Perguntei à minha amiga de que cartório de SP a moça telefonara e pedi a ela que obtivesse a informação pois eu iria averiguar na internet. Fui para o escritório da doçaria e digitei no Google: "Golpe do título protestado". Fiquei surpresa com o resultado. Dezenas de entradas denunciavam o golpe. Os golpistas são tão confiantes (e safados) que usam o mesmo nome da empresa, o mesmo cartório e a mesma tática. Infelizmente, muita gente já caiu nesse golpe e pagou sem ter título nenhum vencido. Chamei minha amiga e mostrei os relatos. Ligamos para o cartório de Curitiba onde ela tem firma e lá recebemos a informação de que não havia sido feita nenhuma consulta à sua assinatura. Nesse ínterim, a golpista ligou de novo. Orientei minha amiga a dizer que o advogado dela estava em SP e que iria pessoalmente ao cartório resolver o problema. A moça se zangou, mostrou-se indignada com a falta de cooperação e relutou em dizer que cartório era, mas acabou dizendo: Primeiro Cartório de protestos... na rua Boa Vista... Peguei o verdadeiro telefone do cartório pela internet (totalmente diferente do que ela havia passado) e ligamos para lá. Nem preciso dizer que não há nem nunca houve nenhuma Maria Eduarda trabalhando lá. A tabeliã que nos atendeu disse que já perdeu a conta do número de pessoas que ligam para lá perguntando por essa Maria Eduarda e que a quadrilha da qual ela faz parte vem aplicando esse golpe há tempos. Os golpistas telefonam, ameaçam e usam de toda a lábia para enganar e lesar os comerciantes. Eu me pergunto: Como é que a polícia não conseguiu prender esse pessoal até agora? [Não conseguiu, não quis ou não pôde?]
Os golpistas obtêm informações sigilosas das empresas, são organizados e não medem esforços para extorquir dinheiro dos incautos. É preciso denunciar esse golpe e alertar as pessoas para não caírem em armadilhas.
Fica aqui o meu alerta: NENHUM CARTÓRIO TELEFONA PARA FAZER COBRANÇAS. A comunicação é sempre feita por carta impressa e registrada, entregue pelo correio no endereço comercial.
Passado o susto, dei um abraço na minha amiga e respiramos aliviadas. Ela é uma mulher extremamente inteligente, mas estava tão envolvida na conversa do falso advogado e da falsa escriturária que nem conseguia raciocinar direito. Essa quadrilha deve ter uma equipe de apoio tremenda por trás. E que mentes intrigantes, que elaboram um plano desses... Fico pensando, cá com os meus botões: se esses golpistas usassem toda a inteligência que possuem em benefício da humanidade, o mundo seria um lugar bem melhor, não?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

AMIGOS

Estou trabalhando em um romance e, em dado momento, a personagem lembra de como foi salva inúmeras vezes por seus amigos e conclui que há momentos em que um amigo é mais eficaz que um anti-depressivo.
A conclusão, claro, não é da personagem, e sim desta escritora, com base em sua própria vida.
Fui salva por amigos e amigas.
Salva de maus pensamentos.
Salva de péssimas ideias que eu havia construído a respeito de mim mesma.
Salva de minha autopiedade.
Salva de meu egoísmo.
Sava de minha falta de amor-próprio.
Salva de minha vontade de morrer, quando tudo o que eu amava parecia ter morrido (mas não a amizade dessas pessoas por mim).
Salva de mim, enfim...

Caramba! Quantas vezes uma palavra de um(a) amigo(a) me sacudiu ou tirou do torpor!
Às vezes um e-mail, um telefonema, um abraço, um "Oiê!", um sorriso me lembraram de que eu não estava só.
Nesta semana da amizade quero deixar registrado o meu MUITO OBRIGADA aos meus amigos e amigas, e aqui incluo família também.
Amigos novos e antigos, distantes e próximos, ausentes e presentes, falecidos e vivos, aqueles a quem magoei (juro que foi sem querer) e os que me magoaram (já estão perdoados), aqueles que se afastaram ou de quem me afastei (seja lá pelo motivo que for).
Que o universo conspire a favor de todos, trazendo luz e paz, proteção e felicidade.
OBRIGADA!
E, por favor, não desistam de mim!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Transtornos da vida moderna

É impressionante como tenho ouvido nos últimos tempos: "Fulano é bipolar", "Beltrano tem TOC","Sicrana tem TDAH", "Meu filho tem TAS", "Minha filha tem TP", "Minha prima está com TAG" e assim vai.
É tanta sigla que aqui vai um glossário pra entender:
TOC - Transtorno obsessivo-compulsivo
TDAH - Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
TAS - Transtorno de ansiedade de separação
TP - Transtorno de pânico (síndrome do pânico)
TAG - Transtorno de ansiedade generalizada

Há ainda
TAIA - Transtornos ansiosos da infância e adolescência
TEPT - Transtorno de estresse pós-traumático
FE - Fobias específicas
FS - Fobia social (ou Transtorno de ansiedade social)
(Não vou me alongar explicando o que cada transtorno implica. Basta você, caro/cara internauta, fazer uma rápida pesquisa no Google para conhecer as particularidades de cada um.)

Eu realmente me questiono até que ponto os diagnósticos estão corretos ou viraram modismo. Será que de uma hora para outra descobriu-se que as pessoas estão todas condenadas por algum transtorno? FICAR transtornado é uma coisa. SER transtornado é outra!

Depois de anos amargando uma insônia chata e uma perda de memória siginicativa, procurei um neurologista. Será que estava desenvolvendo Alzheimer? Fiz alguns exames, respondi a um questionário e fui diagnosticada como tendo TDAH. Logo eu, a pessoa mais pacata desse mundo! Saí perguntando para vários amigos se achavam que eu era hiperativa. A resposta foi unânime: "CLARO QUE SIM!" Caramba! Eu me achava tão sossegada!
O neurologista me explicou que eu tenho esse TDAH desde pequena, e isso vem me causando uma série de problemas (a insônia e a perda de memória são apenas dois deles).
O tratamento: tomar Ritalina... para o resto da vida.
Na hora de comprar a medicação senti-me como uma traficante de drogas. Pegaram meu endereço, telefone, documentos, endereço e cadastro do médico, além de um histórico da doença...
Já é um transtorno ter de ir ao médico e tomar drogas controladas. Mas nada pior que a cara de julgamento que alguns farmacêuticos fazem cada vez que alguém vai comprar a dita Ritalina. Credo!
Depois de deixar meu Curriculum Vitae e também meu mapa astral na drogaria, levei a Ritalina para casa. Comecei com uma dosagem baixa que aumentou gradativamente. Mesmo assim, não era mais eu. Fiquei fora do ar. Um horror. Virei filósofa. Ficava parada olhando pela janela, olhar vidrado. Tive dores de cabeça horrorosas e a boca ficava seca.
Não foi legal. Preferia a insônia àquele estado de torpor. "Será que essa medicação é mesmo adequada para mim?". Comecei a questionar o tratamento. Viver dopada não fazia parte do meu plano de vida.
Então li uma entrevista com Salma Hayek. Ela disse que era uma criança hiperativa e dava graças a Deus por ter nascido no México e não nos EUA. Os pais a colocaram em diversas atividades para que queimasse bastante energia. Se tivesse nascido nos EUA, provavelmente os pais a teria levado a um médico que a teria drogado...
BINGO! É isso mesmo, Salma. Drogas não são a resposta para tudo. Funcionam com alguns casos, mas não com todos.
Parei com a Ritalina.
Hoje uso outra Rita.
Agora, quando me sinto agitada, coloco o CD da Rita Lee e danço sem parar, até o corpo pedir arrego e eu desabar na cama, exausta e feliz.
Abaixo a Ritalina. VIVA A RITA LEE!!!!!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Homo Mermanus

Já falei várias vezes do meu irmão, Paulo, mais conhecido como BIG PAUL, mergulhador de resgate, ambientalista, empresário e super-herói semiprofissional nas horas de folga.

Ele tem verdadeira paixão pelo mundo submarino e por conta disso já se meteu em muitas aventuras - como a de descobrir um naufrágio (não, não era o Titanic!).

Acompanhado por sua fiel máquina fotográfica (modelo não à prova de água), que ele acondicionava numa supercaixa à prova de água, produziu mais de 9 mil fotos [entre elas algumas do tipo "Eu juro que aqui tinha um peixe..."] e centenas de vídeos, entre eles um que correu o mundo e apareceu até no Youtube (não, não se trata de uma transa animal entre tartarugas de rabo verde - ou será de couro verde?)

Ele dizia que colocava a máquina no modo automático ou S.B.E.P (sou burro e preguiçoso) e ela fazia o serviço. Modéstia dele. Vi muitas das fotos e garanto que são maravilhosas, dignas da National Geographic. Se ele me permitir, postarei algumas para vocês.

Mas o que o torna um ser mais que especial é que Big já salvou vidas debaixo da água, e por conta disso quase perdeu a dele - oficialmente umas 3 vezes (pelo menos que eu saiba). A mais grave foi uma em que a vítima, um mergulhador que havia se sentido mal e caído na água, afundando a uma velocidade assustadora, no desespero de ser resgatado se agarrou a meu irmão - que havia mergulhado como um torpedo teleguiado atrás dele - e soltou o cinto de lastro - algo parecido com o cinto de utilidades do Batman, que serve pra aumentar o peso do mergulhador e não permitir que ele volte à tona muito depressa. [Pois bem, para quem não conhece os perigos de voltar à superfície muito depressa depois de um mergulho em águas profundas, lá vai uma explicação: o nitrogênio que fica acumulado no sangue e nos tecidos pode formar bolhas e causar o chamado "Mal da descompressão", que provoca dor aguda no corpo, vertigem, mal estar. Se as bolhas chegarem aos pulmões, provocam morte por asfixia. É mole?]

Onde eu estava mesmo? Ah! Com o cinto de lastro perdido, os dois mergulhadores subiram feito foguete de festa junina. Meu irmão estava em águas profundas e não poderia ter subido tão rápido. Quando chegou ao barco, já com dores e mal estar, foi recolhido e tratado por um médico, também mergulhador e herói nas horas vagas. Pra ajudar (nada é simples na vida de super-herói do Big), uma tempestade se aproximava e o barco não tinha como levar meu irmão para o local onde havia uma câmara de descompressão. Sorte haver um médico a bordo para improvisar.

Foram horas de terror. Nessa época eu estava estudando na Inglaterra e não sabia de nada. Meu pai me escreveu no dia seguinte dizendo: "Quase perdemos o Big". Congelei. Quando finalmente consegui conversar por telefone com meu irmão, dei uma bronca de leve nele: "Ei, mano, você acha que é Namor, o príncipe submarino?". Ele soltou uma gostosa gargalhada. E desde então o chamo de Namor (um personagem da Marvel dos anos 40. Veja o link para um vídeo no Youtube, no final do post). Para minha alegria, descobri que esse príncipe é um HOMO MERMANUS (será que a tradução poderia ser "o homem que é meu irmão"?). Pois se for, cai com uma luva no Big, porque ele considera todos os seres seus irmãos, daí essa "mania" que ele tem de salvar o planeta, os animais e a raça humana.

Esse meu mano é mesmo um príncipe, um rei, um sereio [como dizia a música do desenho animado: "Ele é o rei dos mares, meio peixe, meio homem (...) dos mares é senhor!"]. É um fofo, um querido e um... maluco... Agora há pouco me ligou dizendo que vai mergulhar no sábado pra estrear a nova câmera. [Com esse frio, mano?] A outra foi perdida num mergulho, em abril, e ele não vê a hora de fazer novas fotos.

Não digo nada se não tem um outro homo mermanus na imensidão azul tirando fotos (com uma máquina perdida) do tipo: "Eu juro que aqui tinha um ser humano!"

Na dúvida sobre esses seres das profundezas, aqui vão fotos do Namor, homo mermanus da Marvel, e do Namor, meu manus Paulo. Vai que um dia você cruza com um deles por aí...

Deixo aqui meu respeito e carinho por todos os mergulhadores - amadores ou profissionais - que arriscam a vida para ajudar os outros, melhorar a qualidade de vida nos oceanos, preservar as espécies e também nos lembrar de que somos um grãozinho de nada neste planeta água.

Te amo, mano... daqui até a mais profunda das profundezas abissais... ida e volta!
Clique aqui para assistir ao vídeo de Namor no Youtube

pós-inferno astral

Sobrevivi!!!
Acrescentei mais um ano à minha vida (e garanto que acrescentei muita vida a esse ano). Fui comemorar com família e amigos em SP. Visita curta, mas intensa. Voltei exausta e com dor de garganta. Pudera! Saí de SP com a temperatura em torno de 26 graus e cheguei em Curitiba com 12 graus, chuva caindo... Então decidi ir dançar numa gafieira. À noite a temperatura deveria estar uns 5 graus... Resultado: dois dias de molho em casa, com uma febre tinhosa, calafrios e uma indisposição que não me dava ânimo nem pra levantar e ir fazer xixi!
Gripe suína? Ou melhor, H1N1? Não sei não... [Se bem que quase tive um acesso de choro quando vi uma panela de feijoada... Será?]
Uma amiga me disse para ir tomar a vacina. Confessou que mentiu a idade. Tem 44 anos mas disse ter 39. A enfermeira acreditou nela.
Mesmo que eu cogitasse tomar a vacina, acho que agora é tarde. Se peguei a gripe, já adquiri anticorpos, certo? E mesmo qe o vírus seja mutante, também sou! Ou Mulher-metamorfose, como diz uma amigo meu.
O fato é: depois do meu inferno astral veio o inverno e com ele a gripe. Quando eu tinha 20 anos tirava de letra. Agora é tudo diferente. Ano que vem não tem gafieira. Vou comemorar num salão de chá ou numa casa de sopa.
E agora com licença que eu tenho de acordar o Ricardão. Ele tem de trabalhar e me esquentar essa noite...
[Antes que minha progenitora tenha uma síncope lendo esse post eu explico: Ricardão é um aquecedor a óleo que uso para aquecer o ambiente, viu, mãe?]

terça-feira, 4 de maio de 2010

Inferno astral

No dia 8 de maio completarei mais um outono (afinal, estamos no outono!). Fiz um estudo numerológico do meu nome e data de nascimento, há alguns anos, e ouvi o seguinte: "sua data de nascimento é ótima, mas o que estragou sua vida foi o seu nome". Se eu fosse impressionável, teria corrido para o primeiro juiz solicitando mudança de nome, pedindo para me chamar, talvez, Angelina Jolie. Ainda bem que não sou impressionável. Outra coisa que ouvi dessa pessoa foi: "o inferno astral é o período de 50 dias que antecede o seu aniversário. Nesse tempo, você deveria ficar escondida embaixo da cama e, se nesse período conhecer alguém interessante, dê a ele seu cartão e peça para ele telefonar depois do dia 8 de maio."
Achei um absurdo tão grande que preferi nem retrucar. No entanto, algum estrago foi feito. Se algo dá errado antes do meu aniversário logo culpo o inferno astral (como é bom ter algo ou alguém para culpar, em vez de assumir que agi impensadamente ou que me precipitei ou ainda que fui imprudente). O fato é que ando meio cansada de ver meus esforços serem vãos, de ver minhas ações caírem no vazio... Acredito que na manhã do dia 9 de maio acordarei... do mesmo jeito, oras! Apenas um ano mais velha e talvez mais sábia. Talvez as coisas continuem dando errado, mas terei certeza de que sou a maior responsável, e não os astros. Quem sabe assim paro de me lamentar e deixo esse baixo-astral-infernal (ou inferno-astral) pra trás.
Ficar mais velha pode ser um saco, mas também pode ser bem bacana. Escolho a segunda opção, mas acho que só vou poder dizer se deu certo depois do dia 8 de maio. Até lá, só por via das dúvidas, evitarei fazer coisas muito diferentes. Não que eu seja impressionável... apenas acredito na lei de Murphy... (algo me diz que esse Murphy também se consultou com aquela numeróloga...)

domingo, 2 de maio de 2010

Mudanças

Minha amiga Mercedes me mandou um e-mail, da Espanha, perguntando se estava tudo bem, devido ao meu silêncio no blog. Outra amiga me ligou perguntando por que eu não estava escrevendo. É que decidi pintar meu apartamento, revigorar a decoração [pintando e mudando alguns móveis de lugar] e fazer pequenos reparos no teto de gesso do banheiro - EU MESMA! Não sou profissional mas me viro muito bem. Comprei massa corrida, gesso, tintas, rolinhos, juntei jornais e me lancei na tarefa. Foram duas semanas de trabalho árduo e braçal. Terminava o dia de "artes" de madrugada, cansada e dolorida, e nem me lembrava de escrever. O resultado: paredes clarinhas, uma linda tatuagem na parede, um teto de banheiro meio barrigudo, ambientes e móveis revigorados e repintados, um torcicolo, uma dor aguda na cervical, uma lesão nas costas e uma dor irritante nos braços. O dinheiro que economizei com o pintor gastei com massagista e fisioterapeuta, consertando o estrago no corpo. Mas valeu a pena! E o gostinho de dizer: "Foi feito por mim..." não tem preço!
Continuo fazendo "artes", mas devagar e aos poucos.
É interessante como passamos por fases. Estou às vésperas do meu aniversário e decidi me presentear arrumando o meu cantinho, deixando-o mais aconchegante, mais organizado. Bachelar, em seu livro "A poética do espaço", fala como a casa é uma extensão de nós mesmos e como damos a ela a nossa cara, para torná-la nosso ninho, nosso refúgio. Coloquei uma nova energia em casa e renovei ambientes fazendo pequeninas mudanças. E assim também realizei mudanças em mim, mesmo sem perceber.
Costumo dizer: "Ainda bem que a gente muda e é lavável!". Mudanças nos obrigam a sair da zona de conforto e encarar o novo, o diferente. Sempre é possível mudar algo - em nós e fora de nós. Gandhi já dizia: "Seja você a mudança que você quer ver no mundo". Estou fazendo isso, mestre, estou fazendo...
A mudança não precisa ser radical, extrema. Às vezes dá pra ir um pouco por vez, sem machucar. Mas há vezes em que temos de acelerar para não sermos atropelados. Às vezes a mudança dói. Depois passa.
Cabe a nós decidirmos se viveremos lamentando a mudança, vivendo no passado, de costas para a porta das oportunidades ou se vamos abrir essa porta e ver o que está atrás.
Se o medo for muito grande e você não tiver coragem de abri-la, aqui vai uma dica: pelo menos destranque a porta...