quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ano novo... de novo...

Estou vivendo um "anacronismo". Não me sinto em dezembro. Meu ser se nega a acreditar que um ano se passou. Ainda não fechei os ciclos que iniciei, não realizei projetos que sonhei. Não quitei todas as dívidas, não beijei como havia planejado, não conheci quem achava que iria conhecer, não emagreci os quilos programados. Enfim, ainda não consegui dar um OK em todos os itens da grande lista do(s) ano(s) passado(s).
Fiz outras coisas, é verdade, não planejadas nem programadas. Algumas ótimas, outras nem tanto. Umas traumáticas, outras incríveis, outras decepcionantes irritantes, estressantes... O fato é que andei acumulando listas, postergando reformas, arrastando decisões. Literalmente empurrando coisas com a barriga.
Por outro lado, minha esperança-ansiedade já está na metade de 2012 e na velocidade da luz. Novos projetos, novas perspectivas, mudanças de ares, promessas de viver o que não foi vivido até agora...

Ano novo... Vejo as pessoas festejarem o ano novo efusivamente e me inquieto porque não consigo sentir a mesma profusão de sentimentos no exato momento em que elas sentem isso. Sorrio e até comemoro com elas, de boa. Ajo diplomaticamente (alguém pode sussurrar: hipocritamente) para que as pessoas não se sintam constrangidas com minha estupefação e meu embaraço diante dessas armadilhas/imposições do calendário. Acho que meu ano novo só vai começar mesmo, de fato, no final de janeiro ou em fevereiro. Não sou de me obrigar a fechar ciclos em uma data específica, só porque um calendário assim determinou. Fecho meus ciclos no tempo necessário para isso. No tempo que dou conta. Meu ano emocional, psicológico, astral, simbólico... seja lá o termo mais adequado, não tem 365 dias. Pode ter mais ou menos. [Já vivi um ano em 6 meses, pois foi tão intenso, e me desgastou de tal forma, que preferi deixá-lo para trás. E já tive um ano que deve ter durado uns 18 meses...]

Aprendi a levar a vida no meu tempo, vivenciando um processo de mudança após o outro. Para mim, a virada do dia 31 de dezembro para 1 de janeiro não tem nada de mais. De verdade. Mas quando digo isso para algumas pessoas, lá vem espanto, sermão, conceito, conselho, blá, blá, blá... [Pô! Cada um acredita no que quer, certo? Por que não posso ter meu jeito diferente de ser e pensar?]
Já passei ano novo em casa, sozinha, muito tranquila e sossegada, numa boa, e já passei no meio da maior multidão (muvuca total), no mato, na praia, voando, de jeitos diferentes. Senti cada um deles de uma forma única e pessoal. Mas tenho de admitir que esse ano de 2011 está sendo muito estranho. Cronologicamente parece ter passado muito depressa; emocionalmente, porém, foi tão carregado que me esgotou como se eu tivesse acumulado decepções e tristezas de 3 anos em 1.

Creio que nessa virada de 31/12 para 1/1, vou conseguir colocar - simbolicamente - um ponto-final em 2011. Pretendo fazer uma faxina na alma. E a partir daí quero enxotar da minha vida quem e o que não merece fazer parte dela. Dizem que segundo o calendário Maia 2012 marca o fim do mundo (fica em aberto o que significa "fim do mundo" pra cada um...).
No que depender de mim, pretendo que seja o fim de um mundo de coisas ruins, amizades interesseiras, projetos desgastantes... Que seja o fim de anos e anos de escolhas equivocadas para que eu possa abrir espaço para novas escolhas - menos equivocadas, mais sábias e maduras.
Estou começando a me reinventar... de novo!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CANSAÇO DE GENTE

A origem
Aprendi essa expressão com um amigo queridíssimo, grande escritor e roteirista de Brasília: José Ricardo Moreira. Ele um dia me disse estar sentindo um certo "cansaço de gente" [ocasionado por um acúmulo de chateações e frustrações provocadas por terceiros].
Roubei descaradamente a expressão que ele criou e atribuí níveis a ela, para possibilitar uma classificação de "perigo potencial". Uso sempre, e aviso em que nível estou para que amigos e familiares possam se organizar e agir de acordo com suas consciências: ou saem de perto ou me dão um abraço, uma palavra amiga, um mimo ou até mesmo uma taça de vinho!
Crédito da imagem: br.freepik.com

A classificação
Existem pessoas (parentes, conhecidos, "amigos", colegas de trabalho, cônjuges, filhos, estranhos...) que provocam em nós desânimo, irritação ou fúria, dependendo de suas palavras e atitudes. Quando ficamos "de saco cheio" da raça humana, seja por conta de acúmulo de sapos engolidos, injustiças vistas e sofridas ou de problemas que os outros nos causam, vem o cansaço de gente. Há 5 níveis para esse cansaço que são um termômetro do quanto estamos a ponto de cometer um crime:
  • Cansaço de gente nível I: frustração virando irritação...
  • Cansaço de gente nível II: é melhor fingir que não ouvi o que essa pessoa acabou de dizer (ou fingir que não vi o que essa pessoa fez), senão terei de agir...
  • Cansaço de gente nível III: É melhor você(s) sair(em) da minha frente.... Não falo mais, só grito. Ainda consigo controlar meus impulsos.
  • Cansaço de gente nível IV: Não ouço mais nada. Não vejo mais nada. Minhas mãos tremem. Meu cérebro está fervendo e quero acabar com a raça de quem me torrou a paciência (é melhor esconder as facas e os objetos pontiagudos). Só falta aquela gotinha pra transbordar o copo.
  • Cansaço de gente nível V: O copo transbordou! A cobra vai fumar, o bicho vai pegar... Tropa de elite é pouco... Sai da minha frente agora mesmo, senão vai sobrar pra você também! [Esse nível predispõe a mariticídios (matar o marido), uroxicídios (matar a esposa), fraticídios (matar os irmãos) e outros "cídios"...
Um filme que ilustra muito bem esse evento, transtorno, distúrbio (chamem como preferirem) é Um dia de fúria, com Michael Douglas.
Salvo casos de francoatiradores que demonstram desequilíbrios patológicos, as pessoas acometidas de Cansaço de gente são normais, pacatas, mães e pais de família que, levadas ao limite devido a não conseguirem mais engolir as provocações, burradas, sandices, estripulias, ações egoístas etc., etc., etc. de seus pares (ou ímpares), podem surtar e fazer o que jamais haviam pensado em fazer...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fazendo arte

Estou fazendo fisioterapia para o pulso e para a coluna lombar. Na clínica, 80% do público é de idosos e o restante é de pessoas mais jovens que se acidentaram ou que têm má-postura, tiveram lesões por exercícios repetitivos, etc. (Por enquanto, estou nesses 20%)
Numa das sessões, estava com os eletrodos de ondas curtas nas costas, mas achei que os "choquinhos" estavam muito fracos e decidi aumentar a potência do aparelho por conta própria, já que o fisioterapeuta estava super ocupado atendendo uma senhorinha. Girei o botãozinho, mas não senti muita diferença. Então, girei os dois botões do aparelho, achando que era necessário acioná-los ao mesmo tempo. Ninguém me viu fazendo isso. (Fui muito ligeira!)
Ao meu lado havia um senhor, lendo. Ele começou a se agitar e a gritar que os choques estavam muito fortes. Só então percebi que havia dois conjuntos de eletrodos saindo do aparelho ao qual eu estava conectada. Um vinha para as minhas costas e o outro ia para o joelho dele.
Ai, ai, ai... Eu havia aumentado a potência dos choques nas minhas costas e também no joelho daquele senhor!!! O fisioterapeuta veio correndo e desligou a máquina. Expliquei o que eu havia feito, pedi mil desculpas e levei uma bronca: "Não mexa nos aparelhos, minha senhora. Chame sempre um profissional para fazer isso!" (Caramba, que mico!). Não foi intencional, juro! Fiquei passada (quase bege). O senhor ficou zangado comigo (e com razão). Na sessão seguinte não quis se sentar perto de mim (puxa, eu prometi que não faria de novo!). Depois o fisioterapeuta me contou que na semana anterior um rapaz havia feito a mesma coisa, mas com uma velhinha bem velhinha, que não reclamou, mas começou a tremer muito por conta dos choques. O rapaz poderia ter matado a senhorinha, se o fisioteraputa não tivesse chegado a tempo.
Aprendi a lição. Mas tive um acesso de riso depois, em casa, ao me lembrar do ocorrido. (Tenho acesso de riso quando fico nervosa).
Fazer fisioterapia já não é muito agradável, se pensarmos que estamos ali levados pela dor, e fica ainda mais difícil quando há um(a) maluco(a) ao nosso lado tentando nos eletrocutar. Affff! Mais um mico pra minha lista (que cresce a cada dia!).

domingo, 4 de dezembro de 2011

Reflexão oportuna para momentos de crise...

Queixei-me a uma amiga religiosa, reclamando de meus dissabores. Ela, acostumada a ver almas afundando no mar da desilusão, mandou o seguinte recado: "Deus aperta, mas não afoga!".

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Namore uma garota que lê

Este texto não é meu, mas gostei muito dele (senti até uma pontinha de inveja!) e compartilho aqui. Acho que vou parodiar o texto e escrever o "Seja amigo(a) de uma garota que lê", ou "Contrate uma garota que lê"... 
Numa época de hipervalorização das aparências, relações superficiais, crise de valores e consumo exacerbado, como a que vivemos, é bom ler alguma coisa que faça a gente refletir um pouco.

Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico
Tradução e adaptação – Gabriela Ventura
"A leitora", de Jean-Honore Fragonard.

"Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.

Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, Cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série "Crepúsculo".

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao "Gato do Chapéu" [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve."