quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma estranha condição

Há dias em que a gente acorda... digamos... diferente. Num primeiro momento, tudo parece igual, mas algo dentro de nós está mudado. Se definitiva ou provisoriamente, só saberemos depois.
Não encaramos a xícara de café com os mesmos olhos, e o sagrado pãozinho com manteiga parece amargo, sem graça. O que antes causava certo divertimento agora aborrece.
Mas... o que houve? Fígado atacado? Ressaca? TPM (no caso feminino)? Indigestão? Depressão? Estresse? Hormônios em ebulição?
De tempos em tempos sofro de um tipo de condição que denomino "abertura de olhos". Passo a ver o que antes não via, por ingenuidade, negação, despreparo. E por um tempo o mundo assume outras cores, outros sabores, nem sempre agradáveis.
Como a natureza é sábia, nos dá um tempo para adaptação e nos conduz... até que um dia, finalmente, nos faz ver e sentir as coisas que antes eram diferentes como normais.
(Ou será que ela fecha nossos olhos de novo?)
Já tive os olhos abertos à força e com suavidade. Já fiquei no escuro, andei sem rumo, estive vendada - porque não dava conta de ver. Quando vi, tive de mudar. Mudei. Remudei. Trimudei.
Estou de novo passando por essa abertura de olhos. Vendo o que construí e colhendo o que plantei tempos atrás. O que deixei para trás está claro. O que vem pela frente ainda está oculto. E, por mais que eu tente, não consigo ver. Há tempos não sinto tanto medo e, ao mesmo tempo, tanta vontade de botar o pé na estrada e ir pra onde manda a vontade, mesmo no escuro.
Dessa vez aprendi que se meus olhos não conseguem enxergar, terei de desenvolver outras formas de ver...

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