Para mim, fazer exercícios é algo complicado.
Imaginem uma mulher sedentária, "cozida na preguiça" (como diz minha amiga Sueli), focada em atividades "cerebrais", que não vê sentido em fazer atividade física alguma que não seja dançar por puro prazer.
Corrigindo: não via sentido.
Depois de dois tombos em um intervalo de 6 meses, que resultaram em lesões na coluna, um dedo de pé quebrado e um ombro deslocado, esta sedentária (eu mesma!) teve de capitular e assumir que estava fora de prumo, acima do peso saudável, sem musculatura e cheia de dores. Muitas dores.
Fui para a academia de ginástica e fiz matrícula sem nem olhar o espaço. "Ou vai ou racha", pensei.
Como já estava rachada, trincada, quebrada, a primeira alternativa parecia mais amena e plausível.
Os primeiros minutos foram puro estranhamento. Nada ali era familiar.
Olhei tudo desconfiada, sem ânimo.
Fechei os olhos e imaginei um futuro sem tombos, e a perspectiva de acordar sem dor nas costas me fez até sorrir. Comecei a me animar. "Só por hoje", pensei.
Fiz as séries que o instrutor recomendou e, no final da sessão de malhação, fui colocada numa bicicleta ergométrica (ainda não consigo caminhar na esteira por conta da fratura no dedo).
Na minha frente, uma TV - sem som - ligada em um programa qualquer e um espelho gigantesco, no qual vi uma mulher abatida, triste e cansada. Nos alto-falantes, uma música estridente e irritante.
"30 minutos pedalando", sorriu o animado instrutor.
"Ai, que tortura!", foi meu primeiro pensamento. Mas pensar assim não ajuda nada... Para minha sorte, tenho uma imaginação fértil.
Fechei os olhos novamente, respirei fundo e, talvez embalada pelo vento de um ventilador no alto da parede, me vi pedalando em uma estrada, o vento batendo no rosto (eu sei que é clichê, mas foi assim mesmo!). Não sei onde estava. Uma fazenda? Uma floresta? Um recanto na Escócia? A paisagem ia mudando. Casas, pastos, vacas, cabras, ovelhas, dinossauros, montanhas. Tudo era possível. Um lago surgiu numa curva. Cisnes, patos, marrecos e sereias nadavam junto com o "monstro" do lago Ness, que acenou a barbatana para mim e piscou.
Pássaros revoavam num céu púrpura. Fadas faziam loopings ao meu redor. Uma bruxa passou num rasante em sua Nimbus 2000. Quase colidiu com um urubu!
Comecei a sorrir. Quase a rir. Não estava mais em uma academia de ginástica. Estava no meu mundo, um mundo louco e talvez "sem sentido" para muita gente, pedalando uma bicicleta invisível.
Pois é... O que faz sentido para uns pode não fazer sentido para outros.
Os 30 minutos acabaram muito depressa e voltei para a academia-realidade. Olhei para o espelho e vi uma mulher-menina com vontade de pedir uma bicicleta no aniversário. Uma cara cansada, sim, mas alegre.
Agora não vejo a hora de voltar lá para pedalar-voar em uma bicicleta feita de nuvens.
Depois vou pedalar uma bicicleta subaquática no rio Amazonas, enquanto vejo botos e pirarucus.
Depois vou pedalar em Marte.
E depois vou pra onde eu quiser e a imaginação me levar!
Imagem adaptada do Clip-Art |
Delícia de passeios esses... qeuro o modelo sub, para voltar a visitar o mundo de Netuno mais assiduamente... deliciosas lembranças...
ResponderExcluirBig Paul, o seu modelo subaquático terá gravado "Príncipe Namor" no selim. Quem sabe a gente ainda não "pedagulhe" (pedalhe e mergulhe)juntos? Bjs.
ExcluirAcademia é tenso! Mas você vai a qualquer lugar com sua imaginação, Célia! ahahahahaha
ResponderExcluirAdorei a ideia, enquanto for fazer exercícios físicos que não sejam dançar por gosto, vou pensar nisso, com certeza!
Beijos
É verdade, Denair. Estou me divertindo muito dessa forma. Um dia escalo o Everest, no outro, caminho na lua, no outro, estou de escafandro no fundo do mar... e assim a cada dia invento uma coisa diferente pra me distrair enquanto malho! Bjs!
ExcluirHola Cris escribes muy bien guapa,
ResponderExcluirbuen fin de semana.
un abrazo.
Gracias, Ricardo!
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