segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tristezas de ano-novo, de novo...

A vida se renova, a natureza se recicla. Alguns seres humanos desejam a eternidade, porém, quando a morte leva pessoas que amamos, gente jovem, conhecidos, sofremos um baque pela perda de todos os que se vão e pela forma brutal com que somos forçados a encarar a nossa própria mortalidade e a lembrança de que um dia seremos nós a partir.
Quem me conhece sabe que não tenho medo nenhum de morrer. Não desejo a eternidade. Mas tenho medo da forma como irei morrer. Isso me deixa incomodada: morrer em sofrimento agudo, com dor extrema, sozinha, sem socorro, em agonia... Como será? A cada dia, tragédias acontecem. Todos os anos, na virada do ano, alguém morre. De 2009 para 2010 foi um grupo de pessoas na Ilha Grande. Meu irmão deveria figurar entre os mortos, pois estaria exatamente naquela pousada, se tivesse conseguido reservar o pacote. Infelizmente, seus amigos não tiveram a mesma sorte. Que irônico: eles tiveram sorte em reservar com antecedência, mas tiveram azar em estar lá no momento do deslizamento. Meu irmão deu azar na reserva, mas teve uma sorte enorme em perder o pacote, pois graças a isso está vivo agora. Quando liguei para ele, feliz por ele não ter ido para lá, disse: "Que bom que você não foi pra Ilha Grande, mano". Ele respondeu com uma voz embargada: "É.. mas os meus amigos foram e agora estão todos enterrados lá, mana". Me deu um nó enorme na garganta. Do alto do meu egoísmo, nem pensei nas pessoas que morreram lá. E pensei na forma como morreram: soterrados, afogados, sem poder se defender, reagir, fugir... Caramba... Por que algumas mortes são tão doídas?

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