sexta-feira, 16 de abril de 2010

Super-heróis

Acredito que a maioria das crianças tem um(a) super-herói /heroína de quem é fã. Alguns adultos também. Conheço homens-meninos e mulheres-meninas que perdem a noção de idade quando veem algum desenho, gibi ou filme da infância. Umberto Eco até escreveu um romance muito interessante sobre um homem que, depois de um derrame, perdeu a memória, mas se lembrava dos heróis da infância, dos livros, dos desenhos, e assim foi reconstruindo sua trajetória. Recomendo a leitura desse livro: A misteriosa chama da rainha Loana. Editora Record.
Mas comecei a escrever hoje para falar de outro tipo de heróis/heroínas: os anônimos, aqueles que vencem obstáculos e barreiras diariamente, que ajudam os outros sem superpoderes ou dons especiais. Gente que nem sabe o quanto faz a diferença na vida das pessoas. Olhe para o lado. Olhe um pouco além do seu portão (se tiver um). Com certeza há um(a) desses(as) aí por perto. Talvez na portaria do seu prédio, ou varrendo a calçada, pintando a fachada de uma casa, fritando coxinha na cozinha de um boteco, dando banho no bebê que acabou de chegar, encarando o ônibus lotado, dirigindo horas por dia levando e trazendo pessoas, preenchendo papelada, aguardando horas em filas, cochilando na carteira da escola...
Seus poderes consistem em suportar diferentes e difíceis cargas emocionais, físicas, financeiras, morais sem perder o sorriso do rosto, sem dar tiros em todos, sem perder a fé em algo, sem desistir de viver, sem descontar no primeiro que aparece, sem esquecer que há gente em situação pior, sem esquecer de estender a mão amiga.
Tive e tenho o privilégio de conhecer e conviver com heróis e heroínas desses naipes, que me ensinaram muito sobre a vida e a humanidade.
Gente que tomou e toma cacetada e continua seguindo em frente. Gente resiliente. Simplesmente GENTE!
O mais intrigante nisso tudo é que, mesmo não conseguindo ver nessas pessoas nenhum tipo de dom especial, acho que esto sendo afetada por algum tipo de "radiação", pois a cada conversa, a cada abraço, a cada sorriso, a cada palavra delas me fortaleço, me sinto melhor, mais leve.
Não há como identificá-los pelo jeito como se vestem. Heróis anônimos prescindem de roupas especiais. Talvez diferentes, e com certeza comuns. Uma coisa eles têm em comum com os heróis da ficção: fazem segredo de suas identidades. Não alardeiam quem são, nem o quanto são bons.
Pois é... Por isso a gente nem percebe quando eles estão ao nosso lado.
Falando nisso, acho que acabo de ver um passando na rua, carregando uma sacola de compras (retornável) de braço dado com uma senhora que parece ser a mãe dele.
Antes que eu encerre, só a título de esclarecimento: se um dia alguém me vir com uma capa em volta do pescoço e uma roupa estranha, com certeza não virei super-heroína, não. Ou estou indo a um baile a fantasia ou perdi alguma aposta.

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