terça-feira, 29 de março de 2011

Carruagens de fogo (Charriots of fire)

Algumas cenas e fatos marcam tanto que acabam ficando na memória de quem as viveu, mas devem ser escritas e compartilhadas para que num futuro não muito longínquo sejam causa de animadas conversas.

É fato que exercícios fazem bem ao coração, como caminhar, nadar, andar de bicicleta... Aqui na Holanda, porém, desenvolvemos duas novas modalidades esportivas que vão dar o que falar: correr atrás do caminhão de entrega e correr atrás do ônibus...

Cena 1: Marta e João compraram um fogão novo. A loja ficou de entregar na quinta-feira no final da tarde. Na quinta-feira de manhã, Marta e eu fomos ao supermercado. Na volta, quando estávamos a uns 6 quarteirões de casa (e bem carregadas), vimos passar por nós um caminhão da loja de eletrodomésticos. Marta disse: "Célia, é o nosso fogão!". "Não pode ser, Marta, eles só vêm à tarde". " É o nosso fogão, sim, e se eles não encontrarem ninguém em casa, só voltam aqui na próxima quinta (que é o dia das entregas). Você consegue correr?".
Deixei as sacolas com Marta e saí correndo, enquanto em minha cabeça era acompanhada pela trilha sonora do filme "Charriots of fire". Não durou meio quarteirão. Os joelhos gritaram e parei na hora. Peguei as sacolas de volta e iniciei uma marcha atlética (se já é estranho ver atletas profissionais fazendo isso, imaginem eu!!!). [Marta também não pode correr. Operou o tendão da perna.] Éramos as duas em marcha pela rua, ora andando, ora correndo. Resultado: chegamos a tempo de ver os homens descarregando um belo fogão para a família Costa (era mesmo o fogão novo!), mas nem conseguimos falar direito com eles, pois estávamos sem fôlego. Por conta dessa corrida, queimamos as calorias das guloseimas que preparamos no novo eletrodoméstico e que comemos depois!!!

Cena 2: Por causa do frio que faz nesta terra, é comum usar calças térmicas ou, como dizemos no Brasil - ceroulas -, por baixo da roupa. O problema é que algumas dessas ceroulas escorregam a carregam consigo o que estiver por cima.
A caminho do ponto do ônibus, Marta e eu vimos que nossa condução estava virando a esquina e, se não corrêssemos, iríamos perder o ônibus e ter de esperar meia hora até que o próximo viesse.
Câmera lenta: duas mulheres correm pela rua agitando os braços para que o motorista do ônibus as veja. Ao fundo, uma música toca ("Carruagens de fogo" é perfeita). Subitamente, uma delas grita: "Estou perdendo as calças!!!". A outra responde: "Eu também, mas é melhor perder as calças que o ônibus!". E assim as duas conseguem tomar o ônibus, segurando as calças que teimavam em descer até a parte inferior de suas congeladas nádegas, sem ar, ofegantes, porém vitoriosas. [Fim de cena.]

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