Numa das noites mais frias de Curitiba, Bartô participou de um bate-papo em um projeto cultural.
Nem senti o termpo passar. Tampouco percebi o frio, o vento e a chuva que castigavam a cidade e as pessoas do lado de fora.
Grande mestre Bartolomeu... Diante dele, minhas palavras ficam "pequenas". |
Bartolomeu falou com paixão - e devoção - do avô. Um homem que o instigava, que rompia a ordem das coisas e que o incentivava a exercitar ideias e pensamentos, aguçando sua imaginação. O avô Queirós o iniciou nas letras. Escrevia nas paredes da casa todos os acontecimentos da cidade. O menino Queirós copiava as palavras no muro (pois nas paredes da casa somente o avô podia escrever) e assim foi aprendendo a escrever e a ler palavras e gentes.
Rimos e nos emocionamos com a história de sua infância. O avô, depois de se aposentar precocemente - graças a um prêmio de loteria -, ficava o dia todo na janela. Cada transeunte que passava o cumprimentava: "Bom dia, senhor Queirós", e ele respondia: "Tende piedade de nós!".
Foi nesse ambiente que o menino Bartô cresceu: com uma mãe leitora, um avô mais que fascinante e uma casa repleta de palavras pelas paredes.
O homem Bartô viveu muitas coisas. Foi estudar longe e, por causa da saudade que sentia do Brasil, de casa, da comida brasileira, acabou colocando no papel ideias e histórias que lhe vinham à mente.
Depois vieram outras histórias, nascidas de sua constante inquietude perante a natureza e o mundo (o avô fez um bom trabalho instigando o neto a respeito de tudo).
Sorte a nossa, que temos um Bartô pra ler (e ouvir).
Obrigada, senhor Queirós, por ter ajudado a forjar o escritor-menino Queirós (cheio de piedade por nós!).
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