Acho que a vida está ficando cada vez mais complicada, ou vai ver que eu é que estou ficando defasada, antiquada, ultrapassada.
Quando faltou luz no meu prédio, precisei usar as escadas. Até aí tudo bem, pois moro no segundo andar. Não pude ver TV nem gravar meu programa favorito. Também não pude usar o telefone, pois ele não funciona sem energia. E nem pude usar o computador, nem descongelar o jantar no microondas. Fiz um miojo, à luz de velas, do jeito mais tradicional, peguei um livro e o li à luz de uma lanterna. Quando a pilha acabou, o jeito foi ler à luz de velas.
Percebi o quanto me tornei dependente da tecnologia e o quanto fico paralisada sem ela. É assustador. A mesma coisa aconteceu com várias pessoas com quem conversei. Vi, da janela, famílias fugindo para a casa de parentes porque não tinham condições de ficar em casa sem energia elétrica.
Minha avó certamente daria muita risada dessas pessoas e diria: "No meu tempo não havia eletricidade e a vida não parava por causa disso."
É, vó, o ser humano criou tantas melhorias, tantas formas de driblar as limitações da natureza e as próprias limitações, por meio da tecnologia, que acabou ficando dependente, submisso, escravo. Sem energia vem o caos. Tudo pára. E pior: do outro lado do planeta alguém vai acabar sofrendo as consequências desse caos também.
Decidi me preparar melhor para outra pane elétrica: aumentei o estoque de velas, comprei uma lanterna de corda, um lençol branco, varetas e cartolinas. Separei tudo numa mala e a deixei bem à mão. No próximo apagão, farei um teatro de sombras em casa. Estão todos convidados. O problema vai ser entrar lá em casa, pois a campainha não estará funcionando. Sugiro, então, que cada espectador traga um apito ou uma buzina para anunciar sua chegada. Ah! e uma vela.
Se a gente não atear fogo na casa, com certeza será um espetáculo "brilhante"!
"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho." (Rachel de Queiroz)
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Desabafo
Nunca fui uma mulher de centrar a vida em relacionamentos amorosos. Na adolescência, não alimentava o sonho de me casar, mas acabei casando. Também não pensava que iria me divorciar, mas acabei me divorciando. E desde então minha vida amorosa tem sido uma montanha russa - com mais baixos que altos. O fato é que tenho observado o quão complicados os relacionamentos estão se tornando, ou melhor, a falta de relacionamentos. Mulheres reclamam que os homens não querem compromisso. Desaparecem depois do primeiro encontro. Ou do terceiro. Homens reclamam que as mulheres estão "impossíveis". Mandonas, exigentes, fálicas, competitivas... A imagem que me vem à cabeça é a de um cabo de guerra. Mulheres puxando os homens, que tentam fugir para o lado oposto.
O fenômeno é mundial. Conversando com mulheres de diferentes países e culturas, percebi que há um padrão comum. Brasileiras, japonesas, coreanas, inglesas, alemãs, espanholas, americanas, checas... todas se queixavam. Também tive a oportunidade de observar homens de diferentes nacionalidades em suas "caçadas". Cheguei a pensar em algum tipo de mutação do cromossomo Y que pudesse causar uma alteração comportamental. [Será?]
Minha teoria é a da mudança de arquétipos. Ainda vou escrever um livro sobre isso. Antigamente, os papeis sociais eram muito bem definidos: mulheres deveriam ser donzelas até se casarem. Depois viravam mães, depois avós. Cuidavam da casa e da família. Pronto. Os homens deveriam conquistar (ou salvar) as donzelas, casar com elas, constituir família e prover essa família até a morte. Durante a segunda guerra mundial, com os homens nos campos de batalha, as mulheres foram incentivadas a assumir seus postos nas frentes de trabalho. Ganharam independência financeira e descobriram que poderiam se realizar fazendo outras coisas na vida, além de serem rainhas do lar e mães. Quando os homens voltaram para casa, depois da guerra, encontraram mulheres transformadas. Mas não sabiam como lidar com elas. Talvez isso tenha originado esse "estranhamento" entre homens e mulheres. Os homens também mudaram, e creio que as coisas ainda estão confusas.
Tem mulher sobrando por aí, de todos os tipos, idades e formatos, um banquete para os olhos e os sentidos masculinos. E pra piorar as coisas vem a mídia, que bombardeia as mentes, já fragilizadas, com modelos de comportamento e padrões estéticos irreais e elitizados. Isso não ajuda nada!
Quem sofre com isso? A humanidade, mas principalmente as mulheres acima de 40 anos e com mais de 75 quilos. É injusto!
Conheço mulheres interessantíssimas, lindas, gente boa, estáveis, mas absolutamente sozinhas por conta desse "El niño afetivo" que assola o clima entre homens e mulheres.
É hora de criar um plano de emergência para esse "desabamento" nas relações.
Estou pensando em fundar uma ONG que faça um trabalho de retomada do arquétipo do príncipe guerreiro, pra dar uma valorizada na auto-estima masculina e de quebra ajude o mulherio a sair do limbo. Quem sabe assim as coisas melhorem. Pensei em chamá-la de "SUMS" - Salve Uma Mulher Solitária. Cada homem inscrito ganha um cavalo, uma espada e um manual de instruções. Hummmmm... Talvez o manual não seja bem aceito. Quem sabe um vídeo?
Aceito sugestões... e adesões.
O fenômeno é mundial. Conversando com mulheres de diferentes países e culturas, percebi que há um padrão comum. Brasileiras, japonesas, coreanas, inglesas, alemãs, espanholas, americanas, checas... todas se queixavam. Também tive a oportunidade de observar homens de diferentes nacionalidades em suas "caçadas". Cheguei a pensar em algum tipo de mutação do cromossomo Y que pudesse causar uma alteração comportamental. [Será?]
Minha teoria é a da mudança de arquétipos. Ainda vou escrever um livro sobre isso. Antigamente, os papeis sociais eram muito bem definidos: mulheres deveriam ser donzelas até se casarem. Depois viravam mães, depois avós. Cuidavam da casa e da família. Pronto. Os homens deveriam conquistar (ou salvar) as donzelas, casar com elas, constituir família e prover essa família até a morte. Durante a segunda guerra mundial, com os homens nos campos de batalha, as mulheres foram incentivadas a assumir seus postos nas frentes de trabalho. Ganharam independência financeira e descobriram que poderiam se realizar fazendo outras coisas na vida, além de serem rainhas do lar e mães. Quando os homens voltaram para casa, depois da guerra, encontraram mulheres transformadas. Mas não sabiam como lidar com elas. Talvez isso tenha originado esse "estranhamento" entre homens e mulheres. Os homens também mudaram, e creio que as coisas ainda estão confusas.
Tem mulher sobrando por aí, de todos os tipos, idades e formatos, um banquete para os olhos e os sentidos masculinos. E pra piorar as coisas vem a mídia, que bombardeia as mentes, já fragilizadas, com modelos de comportamento e padrões estéticos irreais e elitizados. Isso não ajuda nada!
Quem sofre com isso? A humanidade, mas principalmente as mulheres acima de 40 anos e com mais de 75 quilos. É injusto!
Conheço mulheres interessantíssimas, lindas, gente boa, estáveis, mas absolutamente sozinhas por conta desse "El niño afetivo" que assola o clima entre homens e mulheres.
É hora de criar um plano de emergência para esse "desabamento" nas relações.
Estou pensando em fundar uma ONG que faça um trabalho de retomada do arquétipo do príncipe guerreiro, pra dar uma valorizada na auto-estima masculina e de quebra ajude o mulherio a sair do limbo. Quem sabe assim as coisas melhorem. Pensei em chamá-la de "SUMS" - Salve Uma Mulher Solitária. Cada homem inscrito ganha um cavalo, uma espada e um manual de instruções. Hummmmm... Talvez o manual não seja bem aceito. Quem sabe um vídeo?
Aceito sugestões... e adesões.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
De caso com o Alzheimer? Eu?
Comecei a ler sobre o Mal de Alzheimer há algum tempo e achava que poderia ser uma candidata a desenvolvê-lo. Hoje tenho quase certeza de que já estou tendo um caso com esse alemão.
Alguns dos sintomas da doença são:
Você, leitor/leitora, acompanhe o que eu venho fazendo e avalie se apresento ou não os sintomas:
1) Uma vez, numa reunião com um autor (eu era editora na época), apertei a mão dele entusiasmada e disse: "Finalmente nos conhecemos. Muito prazer!" O homem me olhou assustado e disse: "Célia, essa é a terceira vez que nós nos vemos". Eu não sabia o que responder, pois era capaz de jurar que nunca tinha visto aquele homem antes.
2) No feriado do Carnaval, chamei uma amiga para almoçar: "Vamos almoçar naquele restaurante novo, o Alecrim?". Chegando no local, perguntei ao garçom se o restaurante havia mudado de dono, pois o nome era outro. "Não, senhora, o dono é o mesmo". "Mas o restaurante não se chamava Alecrim?" "Não, senhora, sempre se chamou Aspargos."
3) Fui comprar um copo novo para o meu liquidificador . Pois bem, na hora de dizer qual era o modelo do eletrodoméstico, eu não fazia ideia. Tenho o dito-cujo há 15 anos e nunca reparei no nome gravado no aparelho. "Acho que é Viena", chutei. Não era. O modelo era Veneza.
4) Semana passada deixei uma garrafa de água enchendo na cozinha (muito devagar) e fui cuidar de alguma coisa (não consigo lembrar o que era). Saí de casa para fazer algo (nem me perguntem o quê, por favor!) e, quando voltei, encontrei a sala alagada. A garrafa de água encheu, vazou, escorreu pela pia, caiu no chão da cozinha, alagou a cozinha e rumou para a sala.
5) Sofro de insônia. Se consigo ir dormir cedo, por volta de 23h, acordo às 3h e não durmo mais. Fico feito uma coruja, empoleirada no sofá, acesa como uma lareira de hotel na montanha.
6) Ano passado esqueci de pagar o seguro do carro. Só lembrei 4 meses depois do vencimento, porque alguém me perguntou quando eu teria de pagar e resolvi checar.
7) Fui ao médico vascular pois precisaria fazer cirurgia de varizes. Fiz exames e voltei para nova consulta. Levei a sacola com os resultados e entreguei ao doutor. Ele olhou assustado para mim e disse: "Não foram esses os exames que pedi". Eu havia levado os resultados da mamografia e do ultrassom de mama, no lugar de levar os exames das pernas.
8) Enquanto eu estava morando na Inglaterra, nunca pedi um canudinho (straw), pois nunca conseguia lembrar o nome do dito-cujo. Eu pedia um "chupador" (sucker) e ainda fazia o gesto enfático. Os ingleses, sempre fleumáticos, me davam o canudo sem mudar a expressão. E não me corrigiam.
9) Tomar ônibus e trem errados, em Londres, era comum. Vivia me perdendo. Se por um lado era estressante e me confundia, por outro lado foi bom, pois descobri lugares interessantes. Infelizmente, creio que jamais conseguirei voltar a esses lugares, pois esqueci de anotar como se chega lá.
10) Quando tenho algo importante para fazer não consigo me concentrar em mais nada. A ansiedade chega a picos incríveis. Sabe aquela criança que vai viajar com os pais e, mal entra no carro, já começa a perguntar: "Falta muito pra chegar?" Pois é, sou eu!
Isso sem contar que vivo trocando nomes de pessoas, músicas, filmes, ruas e lugares...
Em Curitiba há um hospital que cuida de pessoas com sérios problemas mentais e físicos, o Pequeno Cotolengo. E há um famoso forró, o Calamengau. Pois não é que eu vivia convidando os amigos para ir dançar forró no Pequeno Cotolengo?!?
E há muito mais pra contar, mas ficaria extenso demais.
Caramba! Sabe do que acabei de me lembrar? Há algum tempo um vidente me disse que eu conheceria um homem, quando eu estivesse na meia idade, e seria muito feliz com ele. Disse também que ele não era daqui e seu nome começaria com A.
AAAAAAAAAAA...Alzheimer!!!
E aí, gente, estou ou não de caso com o alemão?
Alguns dos sintomas da doença são:
- perda de memória,
- confusão mental,
- desorientação,
- ansiedade,
- agitação,
- dificuldade em tomar decisões,
- distúrbios do sono...
Você, leitor/leitora, acompanhe o que eu venho fazendo e avalie se apresento ou não os sintomas:
1) Uma vez, numa reunião com um autor (eu era editora na época), apertei a mão dele entusiasmada e disse: "Finalmente nos conhecemos. Muito prazer!" O homem me olhou assustado e disse: "Célia, essa é a terceira vez que nós nos vemos". Eu não sabia o que responder, pois era capaz de jurar que nunca tinha visto aquele homem antes.
2) No feriado do Carnaval, chamei uma amiga para almoçar: "Vamos almoçar naquele restaurante novo, o Alecrim?". Chegando no local, perguntei ao garçom se o restaurante havia mudado de dono, pois o nome era outro. "Não, senhora, o dono é o mesmo". "Mas o restaurante não se chamava Alecrim?" "Não, senhora, sempre se chamou Aspargos."
3) Fui comprar um copo novo para o meu liquidificador . Pois bem, na hora de dizer qual era o modelo do eletrodoméstico, eu não fazia ideia. Tenho o dito-cujo há 15 anos e nunca reparei no nome gravado no aparelho. "Acho que é Viena", chutei. Não era. O modelo era Veneza.
4) Semana passada deixei uma garrafa de água enchendo na cozinha (muito devagar) e fui cuidar de alguma coisa (não consigo lembrar o que era). Saí de casa para fazer algo (nem me perguntem o quê, por favor!) e, quando voltei, encontrei a sala alagada. A garrafa de água encheu, vazou, escorreu pela pia, caiu no chão da cozinha, alagou a cozinha e rumou para a sala.
5) Sofro de insônia. Se consigo ir dormir cedo, por volta de 23h, acordo às 3h e não durmo mais. Fico feito uma coruja, empoleirada no sofá, acesa como uma lareira de hotel na montanha.
6) Ano passado esqueci de pagar o seguro do carro. Só lembrei 4 meses depois do vencimento, porque alguém me perguntou quando eu teria de pagar e resolvi checar.
7) Fui ao médico vascular pois precisaria fazer cirurgia de varizes. Fiz exames e voltei para nova consulta. Levei a sacola com os resultados e entreguei ao doutor. Ele olhou assustado para mim e disse: "Não foram esses os exames que pedi". Eu havia levado os resultados da mamografia e do ultrassom de mama, no lugar de levar os exames das pernas.
8) Enquanto eu estava morando na Inglaterra, nunca pedi um canudinho (straw), pois nunca conseguia lembrar o nome do dito-cujo. Eu pedia um "chupador" (sucker) e ainda fazia o gesto enfático. Os ingleses, sempre fleumáticos, me davam o canudo sem mudar a expressão. E não me corrigiam.
9) Tomar ônibus e trem errados, em Londres, era comum. Vivia me perdendo. Se por um lado era estressante e me confundia, por outro lado foi bom, pois descobri lugares interessantes. Infelizmente, creio que jamais conseguirei voltar a esses lugares, pois esqueci de anotar como se chega lá.
10) Quando tenho algo importante para fazer não consigo me concentrar em mais nada. A ansiedade chega a picos incríveis. Sabe aquela criança que vai viajar com os pais e, mal entra no carro, já começa a perguntar: "Falta muito pra chegar?" Pois é, sou eu!
Isso sem contar que vivo trocando nomes de pessoas, músicas, filmes, ruas e lugares...
Em Curitiba há um hospital que cuida de pessoas com sérios problemas mentais e físicos, o Pequeno Cotolengo. E há um famoso forró, o Calamengau. Pois não é que eu vivia convidando os amigos para ir dançar forró no Pequeno Cotolengo?!?
E há muito mais pra contar, mas ficaria extenso demais.
Caramba! Sabe do que acabei de me lembrar? Há algum tempo um vidente me disse que eu conheceria um homem, quando eu estivesse na meia idade, e seria muito feliz com ele. Disse também que ele não era daqui e seu nome começaria com A.
AAAAAAAAAAA...Alzheimer!!!
E aí, gente, estou ou não de caso com o alemão?
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
O valor de uma amizade
Quando alguém disser que o povo alemão é frio, indique este texto para essa pessoa ler e perceber que toda generalização é perigosa.
Aqueles que acompanham este blog desde o início sabem da minha amiga Sina, uma alemã de 20 anos que me adotou como irmã mais velha e que eu adotei como irmã caçula, quase filha. [Na foto, Sina, a mãe dela e eu estamos fazendo "birrigadeirros".]
Pois bem, contei a Sina sobre minha cirurgia para retirada do útero e dos tumores e comentei que estava encarando alguns revezes no lado profissional.
Ontem recebi um pacote, da Alemanha, cheio de objetos e uma carta. Sina me mandou TODOS os objetos da sorte dela. Coisas que a acompanham desde pequena, e que para ela têm um valor incalculável, entre eles um boneco segurando um trevo de quatro folhas e uma ferradura, um colar havaiano de conchinhas e búzios (para a saúde), um porta-jóias cheio de moedas (para dar sorte na parte financeira). Ela disse que eu mereço toda a sorte desse mundo e por isso ela me presenteou com as coisas que sempre deram sorte a ela. Creio que só esse gesto de amizade e carinho já faz de mim uma pessoa muito sortuda, independente de qualquer objeto da sorte que tenha sido enviado. De uma coisa eu tenho certeza: amizades assim não têm preço.
Aqueles que acompanham este blog desde o início sabem da minha amiga Sina, uma alemã de 20 anos que me adotou como irmã mais velha e que eu adotei como irmã caçula, quase filha. [Na foto, Sina, a mãe dela e eu estamos fazendo "birrigadeirros".]
Pois bem, contei a Sina sobre minha cirurgia para retirada do útero e dos tumores e comentei que estava encarando alguns revezes no lado profissional.
Ontem recebi um pacote, da Alemanha, cheio de objetos e uma carta. Sina me mandou TODOS os objetos da sorte dela. Coisas que a acompanham desde pequena, e que para ela têm um valor incalculável, entre eles um boneco segurando um trevo de quatro folhas e uma ferradura, um colar havaiano de conchinhas e búzios (para a saúde), um porta-jóias cheio de moedas (para dar sorte na parte financeira). Ela disse que eu mereço toda a sorte desse mundo e por isso ela me presenteou com as coisas que sempre deram sorte a ela. Creio que só esse gesto de amizade e carinho já faz de mim uma pessoa muito sortuda, independente de qualquer objeto da sorte que tenha sido enviado. De uma coisa eu tenho certeza: amizades assim não têm preço.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Ter filhos ou não ter filhos?
Fiquei alguns dias sem escrever por conta de questões... digamos... "femininas". Descobri que estava com um tumor no útero pouco antes de viajar para a Inglaterra. Quando retornei, fui fazer novos exames, e foram constatados 3 tumores. A cirurgia era inevitável: Histerectomia total vaginal - sem cortes externos.
Até aí tudo bem. A cirurgia não me impressionava. A questão é que algumas pessoas me diziam: "Xiiii, essa é sua última chance de ter filhos. Corra, antes que seja tarde!"
Corra? Ter filhos é uma maratona, por acaso? [Uma corrida contra o tempo, talvez...]
Nunca tive vontade de engravidar e ser mãe. Anos de terapia não me demoveram da ideia de cuidar da vida, da carreira e da auto-realização primeiro, no lugar de me dedicar à maternidade. Ouvi muitas vezes a pergunta: "O que tem de errado com você pra não querer filhos?" Fragilizada com a notícia dos 3 tumores (não 3 tenores, por favor), saí da clínica me fazendo essa pergunta: "O que tem de errado comigo pra eu não fazer questão alguma de engravidar?". Fui ao cinema, andei, conversei com o "Pai maior" e pensei muito.
Descobri que não há nada errado comigo. Eu simplesmente não sou do tipo que deseja engravidar. [Mas a ideia de ser mãe por meio da adoção é algo que me agrada muito.]
Não tenho aquela visão romântica de que ser mãe é padecer no paraíso. Tolice! Ser mãe é abrir mão de muitas coisas em prol de seres que nem sempre reconhecerão o seu valor. As mães são os seres vivos mais explorados do planeta, e parece que gostam disso! {Há algumas exceções.]
Por sorte, sou uma mulher inteligente, de opinião e com boa cabeça. Não me deixei abater pela opinião geral. Mas há muitas mulheres que sucumbem e acabam engravidando não por desejo e sim por pressão social ou cultural. Concordo que ser mãe é uma coisa incrível, mas para quem gosta. Para quem tem de abrir mão de sonhos e projetos, de realização pessoal e de uma vida economicamente mais equilibrada não deve ser o paraíso. Creio que basta olhar para as centenas de crianças maltratadas, largadas, negligenciadas... Será que atrás de cada uma delas não está uma mãe e/ou um pai infeliz? Alguém que não nasceu para a maternidade (e a paternidade)? Alguém que, lá no fundo, e sem admitir para ninguém, se pudesse voltar no tempo preferiria não ter filhos? É preciso muita coragem para assumir uma posição contrária à da maioria, ao senso comum, ao que é considerado sagrado e certo.
Disseram que sou egoísta, que só penso em mim. Muito pelo contrário! Foi por pensar na felicidade desse ser humano que merece uma mãe que realmente o queira que eu decidi evitar a maternidade.
Há mulheres cujo objetivo na vida é engravidar e se tornam mães incríveis (conheço várias). Elas têm meu total apoio e respeito. Para aquelas que, como eu, não brincavam de casinha nem de mamãe e filhinha e veem o útero como um órgão que só provoca cólicas, hemorragias e dor, aqui vai uma dica: antes de ser mãe, a mulher deve se realizar como uma mulher, uma pessoa. Ser mulher faz parte da essência. Ser mãe é uma opção.
Até aí tudo bem. A cirurgia não me impressionava. A questão é que algumas pessoas me diziam: "Xiiii, essa é sua última chance de ter filhos. Corra, antes que seja tarde!"
Corra? Ter filhos é uma maratona, por acaso? [Uma corrida contra o tempo, talvez...]
Nunca tive vontade de engravidar e ser mãe. Anos de terapia não me demoveram da ideia de cuidar da vida, da carreira e da auto-realização primeiro, no lugar de me dedicar à maternidade. Ouvi muitas vezes a pergunta: "O que tem de errado com você pra não querer filhos?" Fragilizada com a notícia dos 3 tumores (não 3 tenores, por favor), saí da clínica me fazendo essa pergunta: "O que tem de errado comigo pra eu não fazer questão alguma de engravidar?". Fui ao cinema, andei, conversei com o "Pai maior" e pensei muito.
Descobri que não há nada errado comigo. Eu simplesmente não sou do tipo que deseja engravidar. [Mas a ideia de ser mãe por meio da adoção é algo que me agrada muito.]
Não tenho aquela visão romântica de que ser mãe é padecer no paraíso. Tolice! Ser mãe é abrir mão de muitas coisas em prol de seres que nem sempre reconhecerão o seu valor. As mães são os seres vivos mais explorados do planeta, e parece que gostam disso! {Há algumas exceções.]
Por sorte, sou uma mulher inteligente, de opinião e com boa cabeça. Não me deixei abater pela opinião geral. Mas há muitas mulheres que sucumbem e acabam engravidando não por desejo e sim por pressão social ou cultural. Concordo que ser mãe é uma coisa incrível, mas para quem gosta. Para quem tem de abrir mão de sonhos e projetos, de realização pessoal e de uma vida economicamente mais equilibrada não deve ser o paraíso. Creio que basta olhar para as centenas de crianças maltratadas, largadas, negligenciadas... Será que atrás de cada uma delas não está uma mãe e/ou um pai infeliz? Alguém que não nasceu para a maternidade (e a paternidade)? Alguém que, lá no fundo, e sem admitir para ninguém, se pudesse voltar no tempo preferiria não ter filhos? É preciso muita coragem para assumir uma posição contrária à da maioria, ao senso comum, ao que é considerado sagrado e certo.
Disseram que sou egoísta, que só penso em mim. Muito pelo contrário! Foi por pensar na felicidade desse ser humano que merece uma mãe que realmente o queira que eu decidi evitar a maternidade.
Há mulheres cujo objetivo na vida é engravidar e se tornam mães incríveis (conheço várias). Elas têm meu total apoio e respeito. Para aquelas que, como eu, não brincavam de casinha nem de mamãe e filhinha e veem o útero como um órgão que só provoca cólicas, hemorragias e dor, aqui vai uma dica: antes de ser mãe, a mulher deve se realizar como uma mulher, uma pessoa. Ser mulher faz parte da essência. Ser mãe é uma opção.
Assinar:
Postagens (Atom)