quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De caso com o Alzheimer? Eu?

Comecei a ler sobre o Mal de Alzheimer há algum tempo e achava que poderia ser uma candidata a desenvolvê-lo. Hoje tenho quase certeza de que já estou tendo um caso com esse alemão.
Alguns dos sintomas da doença são:
  • perda de memória,
  • confusão mental,
  • desorientação,
  • ansiedade,
  • agitação,
  • dificuldade em tomar decisões,
  • distúrbios do sono...
Sempre achei que possuía uma "memória seletiva". Hoje vejo que estava tapando o sol com a peneira. Minha memória tem vontade própria e costuma me abandonar quando eu mais preciso dela. Já passei por maus bocados por conta disso.
Você, leitor/leitora, acompanhe o que eu venho fazendo e avalie se apresento ou não os sintomas:
1) Uma vez, numa reunião com um autor (eu era editora na época), apertei a mão dele entusiasmada e disse: "Finalmente nos conhecemos. Muito prazer!" O homem me olhou assustado e disse: "Célia, essa é a terceira vez que nós nos vemos". Eu não sabia o que responder, pois era capaz de jurar que nunca tinha visto aquele homem antes.
2) No feriado do Carnaval, chamei uma amiga para almoçar: "Vamos almoçar naquele restaurante novo, o Alecrim?". Chegando no local, perguntei ao garçom se o restaurante havia mudado de dono, pois o nome era outro. "Não, senhora, o dono é o mesmo". "Mas o restaurante não se chamava Alecrim?" "Não, senhora, sempre se chamou Aspargos."
3) Fui comprar um copo novo para o meu liquidificador . Pois bem, na hora de dizer qual era o modelo do eletrodoméstico, eu não fazia ideia. Tenho o dito-cujo há 15 anos e nunca reparei no nome gravado no aparelho. "Acho que é Viena", chutei. Não era. O modelo era Veneza.
4) Semana passada deixei uma garrafa de água enchendo na cozinha (muito devagar) e fui cuidar de alguma coisa (não consigo lembrar o que era). Saí de casa para fazer algo (nem me perguntem o quê, por favor!) e, quando voltei, encontrei a sala alagada. A garrafa de água encheu, vazou, escorreu pela pia, caiu no chão da cozinha, alagou a cozinha e rumou para a sala.
5) Sofro de insônia. Se consigo ir dormir cedo, por volta de 23h, acordo às 3h e não durmo mais. Fico feito uma coruja, empoleirada no sofá, acesa como uma lareira de hotel na montanha.
6) Ano passado esqueci de pagar o seguro do carro. Só lembrei 4 meses depois do vencimento, porque alguém me perguntou quando eu teria de pagar e resolvi checar.
7) Fui ao médico vascular pois precisaria fazer cirurgia de varizes. Fiz exames e voltei para nova consulta. Levei a sacola com os resultados e entreguei ao doutor. Ele olhou assustado para mim e disse: "Não foram esses os exames que pedi". Eu havia levado os resultados da mamografia e do ultrassom de mama, no lugar de levar os exames das pernas.
8) Enquanto eu estava morando na Inglaterra, nunca pedi um canudinho (straw), pois nunca conseguia lembrar o nome do dito-cujo. Eu pedia um "chupador" (sucker) e ainda fazia o gesto enfático. Os ingleses, sempre fleumáticos, me davam o canudo sem mudar a expressão. E não me corrigiam.
9) Tomar ônibus e trem errados, em Londres, era comum. Vivia me perdendo. Se por um lado era estressante e me confundia, por outro lado foi bom, pois descobri lugares interessantes. Infelizmente, creio que jamais conseguirei voltar a esses lugares, pois esqueci de anotar como se chega lá.
10) Quando tenho algo importante para fazer não consigo me concentrar em mais nada. A ansiedade chega a picos incríveis. Sabe aquela criança que vai viajar com os pais e, mal entra no carro, já começa a perguntar: "Falta muito pra chegar?" Pois é, sou eu!

Isso sem contar que vivo trocando nomes de pessoas, músicas, filmes, ruas e lugares...
Em Curitiba há um hospital que cuida de pessoas com sérios problemas mentais e físicos, o Pequeno Cotolengo. E há um famoso forró, o Calamengau. Pois não é que eu vivia convidando os amigos para ir dançar forró no Pequeno Cotolengo?!?
E há muito mais pra contar, mas ficaria extenso demais.

Caramba! Sabe do que acabei de me lembrar? Há algum tempo um vidente me disse que eu conheceria um homem, quando eu estivesse na meia idade, e seria muito feliz com ele. Disse também que ele não era daqui e seu nome começaria com A.
AAAAAAAAAAA...Alzheimer!!!
E aí, gente, estou ou não de caso com o alemão?

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