Acho que a vida está ficando cada vez mais complicada, ou vai ver que eu é que estou ficando defasada, antiquada, ultrapassada.
Quando faltou luz no meu prédio, precisei usar as escadas. Até aí tudo bem, pois moro no segundo andar. Não pude ver TV nem gravar meu programa favorito. Também não pude usar o telefone, pois ele não funciona sem energia. E nem pude usar o computador, nem descongelar o jantar no microondas. Fiz um miojo, à luz de velas, do jeito mais tradicional, peguei um livro e o li à luz de uma lanterna. Quando a pilha acabou, o jeito foi ler à luz de velas.
Percebi o quanto me tornei dependente da tecnologia e o quanto fico paralisada sem ela. É assustador. A mesma coisa aconteceu com várias pessoas com quem conversei. Vi, da janela, famílias fugindo para a casa de parentes porque não tinham condições de ficar em casa sem energia elétrica.
Minha avó certamente daria muita risada dessas pessoas e diria: "No meu tempo não havia eletricidade e a vida não parava por causa disso."
É, vó, o ser humano criou tantas melhorias, tantas formas de driblar as limitações da natureza e as próprias limitações, por meio da tecnologia, que acabou ficando dependente, submisso, escravo. Sem energia vem o caos. Tudo pára. E pior: do outro lado do planeta alguém vai acabar sofrendo as consequências desse caos também.
Decidi me preparar melhor para outra pane elétrica: aumentei o estoque de velas, comprei uma lanterna de corda, um lençol branco, varetas e cartolinas. Separei tudo numa mala e a deixei bem à mão. No próximo apagão, farei um teatro de sombras em casa. Estão todos convidados. O problema vai ser entrar lá em casa, pois a campainha não estará funcionando. Sugiro, então, que cada espectador traga um apito ou uma buzina para anunciar sua chegada. Ah! e uma vela.
Se a gente não atear fogo na casa, com certeza será um espetáculo "brilhante"!
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