sábado, 13 de março de 2010

AMIGAS

Para Ana e Andrea, irmãs de alma.

Conhecemos pessoas ao longo de toda a nossa vida, mas algumas delas ficam, permanecem em nossas almas, gravadas pelo amor (ou pela dor), indefinidamente.
Amigas há quase trinta (30) anos, mas morando em cidades diferentes e cheias de afazeres, três amigas conseguiram se encontrar para comer uma pizza numa noite em que uma delas estaria em São Paulo. Passaram dos 40, mas quando se encontram parecem ter 13, idade com que se conheceram, nos tempos de colégio.
Abraços e beijos são dados sem medo nem constrangimento. Se alguém pensar que são lésbicas, vão rir muito. Ficam tanto tempo sem se ver que nenhuma opinião alheia é importante, nem conta. O que importa é matar a saudade, sentir o cheiro, sentir o toque, olhar nos olhos.
Uma se queixa: "Engordei 10 kg!" e as outras protestam: "Mas ficou curvilínea, gostosona, do jeito que o diabo gosta!". Risadas.
Outra comenta: "Trouxe chocolate pra vocês, mas do pequeno, pra colaborar com a dieta". "Que dieta? Quem disse que eu faço dieta?", retruca a terceira. "Não tem problema, a gente sempre diz que faz dieta, mesmo que não faça!", rebate a segunda.
E a noite se enche de risos, palavras suaves cheias de carinho, histórias, causos, pedidos de desculpa pelos longos silêncios, pelos aniversários esquecidos... Mas nada conseguiu abalar aquela amizade que já enfrentou furacões, terremotos, maremotos e outros desastres emocionais. Quando uma estava mal, as outras corriam pra ajudar, do jeito que davam conta - por carta, telefone, telepatia, presencialmente.
A pizzaria foi se esvaziando, mas a conversa estava longe de acabar: meses precisavam ser colocados em dia!!! Porém, cada uma tinha uma vida para tocar, uma com filhos e marido, outra com marido, outra consigo mesma...
Na hora de ir embora, a tristeza do "até um dia" bateu rapidamente, e foi substituída pela alegria da promessa de outro reencontro e da certeza de que cada uma habita, definitivamente, o coração e a mente das outras.
Mesmo longe, estão perto. E cada uma consegue ver, em si mesma, traços das outras.
São irmãs - provindas de úteros diferentes - que construíram, ao longo de quase 30 anos de amizade, uma irmandade que não se enfraquece nem com o tempo, nem com a distância. Uma delas sorri em silêncio. Tem certeza de que nem a morte será capaz de romper esses laços. Mas ela prefere não pensar nisso agora!

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