terça-feira, 5 de outubro de 2010

A mestra das palavras

Recebi um e-mail de uma ex-aluna (de um curso de pós-graduação em formação editorial que dei na PUC, em 2009) dizendo o seguinte: "Estou realizando um sonho... Marina Colasanti está em Curitiba para o III Encontro da Rede de Bibliotecas de Curitba, e quem a está atendendo sou eu! Imagina se não tenho o livro Contos de amor rasgados que tem (o conto) "Embora sem náusea", que eu adorava quando vc contava... Olha só quanta coisa boa vc deixou para mim, em tão pouco tempo de convívio!(...)"
E finalizava o e-mail me convidando para ir assistir a palestra de Marina Colasanti.
Essa aluna não faz ideia do quanto me emocionou. Voltei no tempo.  Eu costumava iniciar as aulas com um microconto ou uma história curta, pois acredito que as narrativas abrem portas... Já falei isso antes e sou uma grande defensora da arte de contar histórias sempre que houver oportunidade. Pois bem, além de conquistar uma nova fã para Marina Colasanti, arrebanhei uma fã da contação de histórias. Essa aluna foi tocada de uma forma única. Disse que deixei algo bom para ela. E agora ela me retorna esse algo de bom centuplicado. Fiquei atônita. 
Fui à palestra da grande artesã das palavras (Marina) que contou seu processo de criação. Meus olhos insistiam em vazar, pois me identifiquei tremendamente com ela. Como foi bom! Eu já adorava a Marina. Agora sinto por ela uma admiração de mulher-escritora-companheira de lutas. Aos 73 anos, ela é uma das mulheres mais doces, meigas e ao mesmo tempo fortes e poderosas que conheço. Seu poder reside na PALAVRA (e como ela sabe usar bem a palavra, meu Deus!). Depois da palestra, fui dar uma abraço nela, tirei fotos como uma tiete bem tiete e contei que costumo contar os contos dela em palestras e aulas e que há alguns contos, em particular, que tocam a alma feminina tão profundamente que até hoje recebo mensagens de pessoas que se sentiram tocadas e transformadas por algum conto dela (e apontei para a minha ex-aluna, outra criatura muito especial).
Depois pedi a ela que autografasse o livro Minha guerra alheia (editora Record). Ao ler a dedicatória que Marina me escreveu, os olhos vazaram novamente. Eis o que está no meu livro: "Para Célia, "minha" voz em tantas ocasiões, com gratidão e carinho."
Continuarei sendo sua voz, Marina, pois suas palavras, quando entram em mim, se tornam minhas, e seus contos, em mim, se misturam ao que sinto, e quando saem, me levam junto. E assim, vou semeando Célias e Marinas por esse mundo afora...
Obrigada, mestra!

Marina Colasanti e a tietagem explícita desta aprendiz de escritora...

Nenhum comentário:

Postar um comentário