Não somos preparados(as) para perder nada nem ninguém. Encaramos a perda como algo negativo, doloroso, derrotante, humilhante... Seja lá que perda for.
Quando se perde um ente querido, o luto impera.
Quando se perde um amor, o luto impera.
Quando se perde um emprego, o luto impera.
Quando se perde um prêmio, uma copa, uma olimpíada, o luto impera...
O luto, de fato, é uma dor que quem já sentiu sabe o quanto dói, e sabe também que com o tempo vai se amenizando.
Perder é ficar para trás. É se dar conta de que o mundo e as pessoas seguem sem nós. [Como se atrevem a seguir e nos deixar aqui, tendo de lidar com a nossa insignificância?]
Comecei a fazer uma lista do que já perdi nessa vida:
tempo
a hora,
o contato,
o ônibus,
o trem,
o avião,
o HD do computador (2 vezes),
+ os back ups dos arquivos (todos),
fotos,
livros,
a bolsa,
a carteira,
documentos,
dinheiro,
cartões de crédito,
talões de cheque,
o prazo,
um prêmio importante,
o jogo (ou melhor, vários),
o sono,
a roupa (porque engordei, emagreci ou cresci),
peso,
o fio da meada,
o rumo,
a cabeça,
a razão,
o juízo,
a vergonha,
as estribeiras (ou a paciência),
alguns empregos,
um amigo por besteira,
parentes e amigos por falecimento,
pessoas de vista,
a esperança,
a confiança nas pessoas,
um amor...
Perdas incomodam pelo transtorno que provocam, pelos sentimentos que fazem aflorar, pela esperança que roubam, pela tristeza e dor que causam.
Quando a perda é material e não se pode recuperar o bem perdido, vem acompanhada de uma certa indignação, raiva, revolta.
Quando a perda é emocional, vem acompanhada de uma dor que pode assumir proporções gigantescas.
Quando ela é moral, pode se fazer acompanhar de sentimentos dúbios, confusos, desnorteadores, obscuros, opressores...
Aprendi com as perdas a continuar. [E o mais incrível é que me descobri capaz de prosseguir, apesar delas.]
Aprendi que perdas também trazem ganhos. Fortalecem. Alertam. Ensinam. Vacinam. Preparam. Questionam.
Às vezes, na frente do espelho, cheia de dúvidas sobre um caminho a seguir, com medo de novas perdas, lanço-me perguntas. Ao buscar as respostas, percebo que carrego em mim algo que não pode ser perdido. Não é uma bússola, nem um GPS, é mais uma consciência. Consciência de quem sou e do que quero ser. E assim descobri que enquanto eu for eu mesma, apesar de qualquer perda que me aconteça, poderei sempre recomeçar, reconstruir, ressignificar...
Beijão da Célia Cris
Oi Célia,
ResponderExcluirO grande aprendizado das perdas, é sim o descobrimento de nossas forças para reconstruir tudo outra vez. Apesar de tantas perdas que já tive, ainda não perdi a esperança.
Beijo
É isso, Rô. Creio que cada pessoa traz em si algo que é impossível de perder, seja a fé, a esperança, a confiança em algo maior, enfim, uma força que motiva a prosseguir. Beijoooooooooooo
ResponderExcluirSábia suas palavras.
ResponderExcluirLegal Célia!
ResponderExcluirExcluindo pessoas e tempo, perdi toda sua lista e mais um pouco.
Excluo pessoas e tempo, porque esses dois grupos não fazem parte do meu grupo de posse. Para poder perder é preciso primeiro Ter. Acredito que a dor maior foi perder contato com pessoas que amo. O tempo, senhor da razão, se incumbe de amenizar a dor eterna.
Beijos -
Clóvis