segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O que se aprende com as perdas

Não somos preparados(as) para perder nada nem ninguém. Encaramos a perda como algo negativo, doloroso, derrotante, humilhante... Seja lá que perda for.
Quando se perde um ente querido, o luto impera.
Quando se perde um amor, o luto impera.
Quando se perde um emprego, o luto impera.
Quando se perde um prêmio, uma copa, uma olimpíada, o luto impera...
O luto, de fato, é uma dor que quem já sentiu sabe o quanto dói, e sabe também que com o tempo vai se amenizando.
Perder é ficar para trás. É se dar conta de que o mundo e as pessoas seguem sem nós. [Como se atrevem a seguir e nos deixar aqui, tendo de lidar com a nossa insignificância?]
Comecei a fazer uma lista do que já perdi nessa vida:
tempo
a hora,
o contato,
o ônibus,
o trem,
o avião,
o HD do computador (2 vezes),
+ os back ups dos arquivos (todos),
fotos,
livros,
a bolsa,
a carteira,
documentos,
dinheiro,
cartões de crédito,
talões de cheque,
o prazo,
um prêmio importante,
o jogo (ou melhor, vários),
o sono,
a roupa (porque engordei, emagreci ou cresci),
peso,
o fio da meada,
o rumo,
a cabeça,
a razão,
o juízo,
a vergonha,
as estribeiras (ou a paciência),
alguns empregos,
um amigo por besteira,
parentes e amigos por falecimento,
pessoas de vista,
a esperança,
a confiança nas pessoas,
um amor...
Perdas incomodam pelo transtorno que provocam, pelos sentimentos que fazem aflorar, pela esperança que roubam, pela tristeza e dor que causam.
Quando a perda é material e não se pode recuperar o bem perdido, vem acompanhada de uma certa indignação, raiva, revolta.
Quando a perda é emocional, vem acompanhada de uma dor que pode assumir proporções gigantescas.
Quando ela é moral, pode se fazer acompanhar de sentimentos dúbios, confusos, desnorteadores, obscuros, opressores...
Aprendi com as perdas a continuar. [E o mais incrível é que me descobri capaz de prosseguir, apesar delas.]
Aprendi que perdas também trazem ganhos. Fortalecem. Alertam. Ensinam. Vacinam. Preparam. Questionam.
Às vezes, na frente do espelho, cheia de dúvidas sobre um caminho a seguir, com medo de novas perdas, lanço-me perguntas. Ao buscar as respostas, percebo que carrego em mim algo que não pode ser perdido. Não é uma bússola, nem um GPS, é mais uma consciência. Consciência de quem sou e do que quero ser.  E assim descobri que enquanto eu for eu mesma, apesar de qualquer perda que me aconteça, poderei sempre recomeçar, reconstruir, ressignificar...

Beijão da Célia Cris

4 comentários:

  1. Oi Célia,
    O grande aprendizado das perdas, é sim o descobrimento de nossas forças para reconstruir tudo outra vez. Apesar de tantas perdas que já tive, ainda não perdi a esperança.
    Beijo

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  2. É isso, Rô. Creio que cada pessoa traz em si algo que é impossível de perder, seja a fé, a esperança, a confiança em algo maior, enfim, uma força que motiva a prosseguir. Beijoooooooooooo

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  3. Legal Célia!
    Excluindo pessoas e tempo, perdi toda sua lista e mais um pouco.
    Excluo pessoas e tempo, porque esses dois grupos não fazem parte do meu grupo de posse. Para poder perder é preciso primeiro Ter. Acredito que a dor maior foi perder contato com pessoas que amo. O tempo, senhor da razão, se incumbe de amenizar a dor eterna.
    Beijos -

    Clóvis

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