Uma amiga me disse que tenho mais sorte que juízo. É verdade!
É sabido por todos que a Holanda é um dos destinos mais comuns de prostitutas oriundas do Brasil e do mundo. Nada tenho contra as mulheres que comercializam seus corpos, que isso fique registrado, mas a maior parte dos holandeses (e pessoas de muitas outras nacionalidades) tem! E muito!
Pra começo de conversa, uma brasileira "mais ou menos jeitosa" que venha sozinha para a Holanda (principalmente para Amsterdã) é vista como uma dama da noite potencial. Na minha primeira viagem a AMS (2009), fui confundida com uma delas. O motorista do táxi que me levou para o hotel, vendo que eu era uma brasileira viajando sozinha, disse que eu era muito linda e perguntou quanto eu cobrava por um "certo serviço" (tenho de ser discreta porque este blog é lido por menores de idade...).
Pois é...
Dessa vez (2011), na minha chegada, fui sabatinada pelo policial de aduana, que insistia em saber por que eu estava aqui, quanto tempo ficaria, onde ficaria e com quem, onde estava a passagem de volta, quanto dinheiro tinha trazido (pediu pra ver os cartões de crédito, etc., etc., etc.). Expliquei que estava em férias, que iria visitar amigos em Bergen op Zoom e voltaria em 3 meses. Ele não fez cara boa. Perguntou de novo as mesmas coisas. [O interessante é que outras mulheres sozinhas, de outras nacionalidades, passavam rapidamente pela alfândega]. Fiquei encafifada: "Será que ele acha que vim trabalhar no Distrito da Luz Vermelha?". Então eu disse: "Não vou ficar aqui na Holanda. Vou para a França, para a Itália - na feira do livro de Bolonha, para divulgar meus livros. Sou uma escritora de livros infantis - e depois vou para a Inglaterra, onde morei e estudei. Pode checar no meu passaporte os lugares em que já estive. Viajo muito para pesquisar e divulgar literatura infantil. Só volto pra cá na época de retornar pra minha casa, no Brasil, OK?"
Meu discurso foi tão firme que ele carimbou o passaporte na hora e me despachou.
Conheci outras brasileiras aqui, de idades variadas, e todas relataram problemas de preconceito contra elas. Geeeente, nem tudo são tulipas na Holanda. O preconceito impera... e muito! E na Bélgica também! E não só contra brasileiras.
Os estrangeiros que vivem aqui são marginalizados. É muito triste.
João e Marta moram num bairro em que a maioria é muçulmana. Há bairros de maioria estrangeira (em que se mora predominantemente de aluguel) bem diferentes dos bairros projetados para holandeses proprietários.
Uma pena, realmente.
Acho que vou pedir para a Editora Lumine traduzir a coleção "Diversidade" para o holandês.
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