Lembram-se daquela minha unha encravada/inflamada que teria de ser tratada por um médico? A maratona para conseguir uma consulta foi tamanha que acabei eu mesma tentando resolver o problema. Duas semanas depois da trágica tentativa, consegui finalmente ir a um médico de família e ele receitou uma pomada. Também me encaminhou para uma especialista - podologiste - para tratar da unha. Duas semanas depois, finalmente, cheguei no consultório da moça. Ela quase não falava inglês. Entreguei o prontuário que o médico havia me dado e ela me sinalizou que sentasse numa cadeira. Pegou um aparelho que lixa e faz polimento e tratou a unha do dedão do pé direito. Terminou de fazer o serviço e olhou para mim. Sinalizei a ela que a unha do dedão do pé esquerdo também estava com problemas. Ela lixou com o aparelho. Terminou, tirou as luvas e voltou para a cadeirinha dela. Expliquei que precisava de tratamento em todas as unhas, que meu pé necessitava de um "trato". Ela explicou (pelo que pude entender) que só poderia tratar as unhas dos dedões pois o médico só havia indicado o tratamento dessas unhas. "Mas e os outros dedos?", perguntei atônita. "Você tem de agendar um horário com uma pedicure", ela respondeu. "Mas você não é podóloga, não trata das unhas todas?". "Sim, sou podóloga e meu trabalho é tratar problemas nos pés de forma terapêutica, e não estética, e o seu prontuário só fala numa unha, a do pé direito, e eu já tratei das duas unhas, a direita e a esquerda".
Cobrou 10 euros por ter "tratado/lixado" as duas unhas e abriu a porta para eu sair, pois já tinha outra paciente aguardando (as consultas aqui são super-rápidas.)
Lamentei não saber falar holandês para exigir meus direitos de consumidora! Foi a gota que faltava para transbordar o meu copo de "saco cheio". Senti-me explorada, aviltada. Fiquei lívida, depois roxa, vermelha, com raiva, com calor, com frio, tudo ao mesmo tempo.
Saí do consultório tão desorientada que até errei o caminho de volta. Que vontade de gritar! Se fosse só um caso isolado eu teria rido, mas essa aventura com a unha encravada, a coisa mais simples e banal do mundo, demorou demais e me deu mais dor de cabeça e despesa do que uma obturação no dente!
A primeira providência a tomar assim que voltar para o Brasil é agendar um horário com a minha podóloga, que me trata há anos e tem uma cadeira superconfortável - com massagem nas costas!!! Como diz a Marta, o Brasil é o paraíso nesse aspecto (e em vários outros). Lá, manicures, pedicures, podólogas, cabeleireiras atendem a gente superbem e nos mimam, pois desejam conquistar e fidelizar os clientes.
Percebi que aqui vários profissionais tratam a gente (os estrangeiros) com profissionalismo sim, que se traduz em distanciamento, frieza e uma certa dose de "vá-te catar"... HUMPF!
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