domingo, 27 de dezembro de 2009

O meu jabutiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Quando recebi a notícia de que um de meus livros havia ganho (ganhado?) o prêmio Jabuti (segundo lugar na categoria melhor livro didático/paradidático), demorei para acreditar. Estava na Inglaterra, estudando, e recebi a notícia por e-mail. (Chorei por não estar perto das pessoas que fariam festa comigo, mas os amigos estrangeiros foram queridíssimos!). Não pude ir à mega festa de entrega do prêmio, por conta da distância que me separava da Sala São Paulo. Meu pai me representou, todo prosa (pai de escritora premiada é como mãe de miss...). O fato é que só fui colocar as mãos no meu quelônio no dia 22 de dezembro, quando cheguei na casa dos meus pais para o Natal. Primeiro, olhei para aquela estatueta que eu desejo há tanto tempo. Não conseguia nem tocar nela. Depois, a segurei nas mãos. Girei devagar, olhei cada detalhe (e conferi o alfabeto gravado no casco, para me certificar de que as letras K, W e Y estavam lá...) Esse é o segundo prêmio Jabuti que eu seguro. O primeiro era de um livro que editei e que ganhou o Jabuti. Mas não era meu e me foi tirado das mãos pelo ganancioso dono da editora. Já esse jabuti na minha frente é meu, mesmo tendo de dividir os méritos com outros 2 autores (somos 3 autores). Coloquei a estatueta em cima da cama e fiquei olhando para ela. Batizei-a de Jajá. Lembrei de tudo o que vivi até hoje na carreira editorial, como editora, ghost writer e escritora. Por conta disso, não senti nenhuma emoção. NADA! Quanto sofrimento na carreira! Mas essa estatueta é um símbolo, um objeto que me lembra de algo bom, de um reconhecimento pelo excelente trabalho feito, então por que não grito de alegria, não me animo e não saio correndo por aí mostrando o prêmio pra todo mundo? O que houve comigo? Há algum tempo eu estaria berrando aos 4 ventos: "Ganhei um prêmio!" Algo mudou em mim, muito e bem fundo. Olhei para a minha estatueta e perguntei: até que ponto somos realmente donos daquilo que recebemos, Jajá? Você pertence a mim ou a um sonho que tive? Uma ideia compartilhada? Ela pareceu me olhar e apontar o futuro... "Continue escrevendo, Célia. Continue fazendo aquilo para o que você nasceu. Não desista. Você está no caminho certo, mas não se envaideça e não ache que atingiu o ápice e é melhor que os outros. Sempre haverá alguém melhor que você. Continue se aperfeiçoando... devagar e sempre... e prepare o casco... você vai precisar de toda a proteção de que puder nesse mundo de egos inflados e opiniões divergentes. Vá em frente e não desista. Lute pelo que você quer. Eu sou a prova de que você pode conseguir tudo o que desejar."

Depois desse "papo-cabeça" com minha estatueta, senti um nó na garganta. Começou a chover, meus olhos choveram também e me lembrei de um trecho de uma música do Sting "On and on the rain will say how fragile we are, how fragile we are..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário