quarta-feira, 19 de maio de 2010

Transtornos da vida moderna

É impressionante como tenho ouvido nos últimos tempos: "Fulano é bipolar", "Beltrano tem TOC","Sicrana tem TDAH", "Meu filho tem TAS", "Minha filha tem TP", "Minha prima está com TAG" e assim vai.
É tanta sigla que aqui vai um glossário pra entender:
TOC - Transtorno obsessivo-compulsivo
TDAH - Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
TAS - Transtorno de ansiedade de separação
TP - Transtorno de pânico (síndrome do pânico)
TAG - Transtorno de ansiedade generalizada

Há ainda
TAIA - Transtornos ansiosos da infância e adolescência
TEPT - Transtorno de estresse pós-traumático
FE - Fobias específicas
FS - Fobia social (ou Transtorno de ansiedade social)
(Não vou me alongar explicando o que cada transtorno implica. Basta você, caro/cara internauta, fazer uma rápida pesquisa no Google para conhecer as particularidades de cada um.)

Eu realmente me questiono até que ponto os diagnósticos estão corretos ou viraram modismo. Será que de uma hora para outra descobriu-se que as pessoas estão todas condenadas por algum transtorno? FICAR transtornado é uma coisa. SER transtornado é outra!

Depois de anos amargando uma insônia chata e uma perda de memória siginicativa, procurei um neurologista. Será que estava desenvolvendo Alzheimer? Fiz alguns exames, respondi a um questionário e fui diagnosticada como tendo TDAH. Logo eu, a pessoa mais pacata desse mundo! Saí perguntando para vários amigos se achavam que eu era hiperativa. A resposta foi unânime: "CLARO QUE SIM!" Caramba! Eu me achava tão sossegada!
O neurologista me explicou que eu tenho esse TDAH desde pequena, e isso vem me causando uma série de problemas (a insônia e a perda de memória são apenas dois deles).
O tratamento: tomar Ritalina... para o resto da vida.
Na hora de comprar a medicação senti-me como uma traficante de drogas. Pegaram meu endereço, telefone, documentos, endereço e cadastro do médico, além de um histórico da doença...
Já é um transtorno ter de ir ao médico e tomar drogas controladas. Mas nada pior que a cara de julgamento que alguns farmacêuticos fazem cada vez que alguém vai comprar a dita Ritalina. Credo!
Depois de deixar meu Curriculum Vitae e também meu mapa astral na drogaria, levei a Ritalina para casa. Comecei com uma dosagem baixa que aumentou gradativamente. Mesmo assim, não era mais eu. Fiquei fora do ar. Um horror. Virei filósofa. Ficava parada olhando pela janela, olhar vidrado. Tive dores de cabeça horrorosas e a boca ficava seca.
Não foi legal. Preferia a insônia àquele estado de torpor. "Será que essa medicação é mesmo adequada para mim?". Comecei a questionar o tratamento. Viver dopada não fazia parte do meu plano de vida.
Então li uma entrevista com Salma Hayek. Ela disse que era uma criança hiperativa e dava graças a Deus por ter nascido no México e não nos EUA. Os pais a colocaram em diversas atividades para que queimasse bastante energia. Se tivesse nascido nos EUA, provavelmente os pais a teria levado a um médico que a teria drogado...
BINGO! É isso mesmo, Salma. Drogas não são a resposta para tudo. Funcionam com alguns casos, mas não com todos.
Parei com a Ritalina.
Hoje uso outra Rita.
Agora, quando me sinto agitada, coloco o CD da Rita Lee e danço sem parar, até o corpo pedir arrego e eu desabar na cama, exausta e feliz.
Abaixo a Ritalina. VIVA A RITA LEE!!!!!

2 comentários:

  1. olá !! quero sua ajuda vc te noção de como cuidar de uma criança que possui esse tdah?? segue meu e-mail
    daya.cat.sc@hotmail.com

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  2. Oi, Dayana. Obrigada por ler o meu blog.
    Olha, eu realmente não sou especialista em TDAH (fui diagnosticada como tendo esse transtorno), mas posso te dizer com propriedade que tomar Ritalina foi uma das piores coisas que já fiz. Tenho 44 anos e me senti um lixo. Imagino como não deve ficar uma criança tomando isso. Normalmente é essa medicação que dão para os TDAHs (sejam eles crianças, jovens ou adultos).
    Você mora em uma capital? Sei que existem grupos de apoio e terapeutas que ajudam pais de crianças com TDAH.
    Se não houver nenhum, recomendo a leitura de dois livros que me ajudaram a entender o transtorno e algumas dicas para lidar com ele:
    Mentes inquietas, da Dra. Ana Beatriz B. Silva. Editora Gente (o melhor que já li, até hoje)
    No mundo da lua, do Dr. Paulo Mattos. Lemos Editorial.

    Espero ter ajudado de alguma forma.
    Um abraço,
    Célia

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