terça-feira, 27 de outubro de 2009

IELTS (2)

Hoje fizemos o segundo simulado: Reading. Das 40 questões, acertei 32. Nível 7.0. Amanhã faremos a prova de escrita.
Depois do teste, saímos para ir tomar um café e bater papo. Uma mesa multicultural: um húngaro, três árabes, três iltalianas, uma brasileira. O mais engraçado foi que Mido, um dos rapazes árabes, começou a contar para nós como foi que ele conheceu o grande amor da vida dele. Duas das italianas e um dos árabes ainda não são fluentes o suficiente para compreender inglês, então, enquanto Mido narrava sua história, uma das italianas fazia a tradução simultânea para as colegas e o outro rapaz árabe traduzia em árabe para o colega. Teve uma hora que o Mido começou a falar árabe e o colega mudou a tradução para o inglês, e eu acabei ajudando a italiana, pois ela também se atrapalhou. Só mesmo aqui eu conseguiria ter contato com pessoas tão diferentes, mas tão parecidas. Temos sonhos semelhantes: queremos nos realizar. Os mais jovens querem triunfar na carreira. Eu quero ser feliz... Só isso!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

IELTS

Esta semana estamos fazendo um curso preparatório para o IELTS (International English Language Testing System). Tô até vesga, juro!!!
É um daqueles exames que não exclui, apenas classifica. Porém, se você tiver uma pontuação muito baixa, não será aceito em nenhuma universidade decente no Reino Unido. Não vou fazer o teste, mas estou no curso. Hoje tivemos uma pré-prova de Listening. Meu escore foi 6.5. A maior nota da turma. Fui muito cumprimentada, mas pensei: E daí? O que eu faço com isso? Tenho diploma universitário de professora de inglês e, no entanto, luto diariamente para não cometer tantos erros ao falar. Não fiquei feliz. Fiquei triste. Não tive uma educação acadêmica que tenha me preparado bem. E não quero mais isso.
Agora estou me educando para a vida, para o que vem por aí, para o que der e vier...

domingo, 25 de outubro de 2009

Eu acredito é na rapaziada

Eu sou a aluna mais velha da escola. A arrasadora maioria tem entre 18 e 25 anos. Porém, como tenho a alma jovem, ninguém acredita nos meus 43 anos (Oh! God! I'm geting old!).
Tenho convivido com jovens de idades diferentes e distintas nacionalidades. Alguns são tão maduros que chego a me espantar, pois consigo entabular com eles papos extremamente cabeça. Claro que há os imaturos, mas esses ficam pouco tempo. Vêm para "festar". Outros vêm para estudar mesmo. Precisam ser aprovados no teste IELTS para poderem cursar o nível superior ou fazer um mestrado. Como estudantes, não poderiam trabalhar, mas sem trabalhar não conseguem pagar as contas. Os pais, geralmente, não têm condições de arcar com as despesas, ou negam ajuda para forçar os filhos a voltarem logo para casa. Mas o sonho dessa rapaziada é maior. Então eles se viram. Alberto (Colômbia), por exemplo, é um engenheiro eletrônico que faz bicos como lavador de pratos. Passa horas em pé para ganhar o suficiente apenas para pagar a comida. [É graças a ele que agora consigo utilizar meu computador]. Lina (Colômbia) trabalha à noite como garçonete. Quer adquirir fluência na língua inglesa para fazer o mestrado. Um dia, apareceu na aula com a mão enfaixada. Queimou feiamente os dedos na máquina de café expresso. Continuou trabalhando. Sina (Alemanha, na foto comigo) trabalha desde os 16 anos. Aos 18 saiu de casa para fazer faculdade de turismo, trabalhar e se manter. Tem 2 empregos, um na escola e outro no setor hoteleiro, para pagar pela hospedagem e os cursos que faz. Vai prestar exame no final do ano. O pai disse que ela não precisaria se sacrificar tanto, pois a família é dona de uma empresa de turismo que ela vai assumir, um dia. Mas ela quer se realizar como pessoa e profissional (aos 20 anos). Eu já cheguei a pensar em ficar mais tempo e arrumar uns bicos, mas não consigo me ver lavando pratos, servindo mesas e trabalhando na recepção de um hotel. Não sou melhor do que ninguém, apenas sinto que meu prazo de validade para certas experiências já expirou. Mas vejo como essa garotada dá duro para se manter e digo a eles que me orgulho de conhecê-los. É por causa deles que ainda acredito na juventude. Essa juventude empreendedora que pode melhorar o mundo. Eu ando cansada de certas coisas que vejo por aí, e confesso que desisti de encarar algumas brigas. Mas essa turma tem muito gás e muita vontade de vencer. Torço por eles, rezo por eles, me espelho neles. Como disse Geraldo Vandré: "Quem sabe faz a hora não espera acontecer..."

Despedidas

A amizade é uma bênção. Amigos são anjos na terra, parentes que escolhemos e com quem compartilhamos muitas coisas.
Percebi que quando estamos longe de nosso país, familiares e amigos, criamos laços com maior rapidez e nos unimos tão fortemente aos novos amigos que parece que nos conhecemos há anos. Tenho visto isso por aqui. A distância potencializa esse fenômeno.
Fico encantada ao ver pessoas tão diferentes, de lugares distintos, se relacionarem tão bem.
Aqueles que não conseguem fazer amizades desenvolvem "Homesickness" e voltam para casa antes do tempo.
Na minha host family criei um laço imediato com Sina (já falei dela inúmeras vezes) e com José (à esquerda na foto). Agora chegou Miguel (à direita).
Tomamos café da manhã juntos, vamos para a escola juntos, saímos para passear, jantamos juntos, fazemos a lição de casa juntos... Sempre na maior harmonia.
Os ingleses estranharam, pois disseram que é comum os estudantes serem amigos, mas nosso grupo é especialmente diferente. Unido, coeso, harmônico e divertido. Eles não sabem explicar por quê. (Pra que explicar? Vamos simplesmente viver!)
Essa semana José voltará para a Colômbia. Estamos todos tristes. Fomos para Londres, no último fim de semana dele conosco, e passeamos no London Eye.
Quando voltamos para Hastings, moídos, doloridos e gelados, mas brincando e cantando, um dos rapazes da república perguntou se pretendemos nos encontrar novamente. Ora! Adoraríamos! Mas não temos certeza de nada nessa vida.
Perguntaram se vamos nos falar periodicamente. Pretendemos, mas sabemos que nem sempre será possível responder àquele e-mail, ou escrever algumas palavras.
De uma coisa nós temos certeza: está sendo maravilhoso enquanto vivemos o momento.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Massagem no ego

É impressionante o que um elogio é capaz de fazer. Há um grupo de rapazes angolanos aqui. Pensei que todos tivessem 15, 16 anos, mas os danados têm de 23 a 27 anos. Depois da aula, fomos em um grupo grande até o centro da cidade, caminhando [graças às minhas caminhadas, já consegui adelgaçar um bocado. As batatas das pernas, em compensação, estão maiores].
Um deles ia ao meu lado e estávamos conversando sobre "de tudo um pouco", até que entramos na questão dos modelos de beleza. Eu disse a ele que no Brasil não sou considerada bonita. Ele me olhou assustado e disse: "O que? Você é perfeita! Tudo o que uma mulher precisa ter, Deus colocou em você."
Agradeci toda sorriso: "Thank you very much, you made my day!"
Fofo, né? Pena que eu tenho idade pra ser a mãe dele. Credo, que coisa mais frustrante!

Sou oficialmente uma galinha

Pois é... Não tem jeito. Agora sou uma galinha aqui.
Sim, galinha, penosa, bicuda...
Ao vermos a tristeza da Christiana, fizemos uma vaquinha e ajudamos a comprar novas galinhas. Fahred foi com ela até a fazenda, para escolher as meninas. A host mother ficou tão agradecida que deu nossos nomes para as galinhas. Eu pude escolher quem eu queria ser. Escolhi uma linda galinha preta, que tem a penugem parecida com a de uma galinha da angola, e é conhecida aqui como Speckled chicken. É, coincidentemente, a mais linda do galinheiro. Vejam só que time:
Célia - speckled chicken
Sina - galinha branca, sem crista
Wendy (a sobrevivente) - galinha branca, com crista
Joe (em homenagem a José) - cinza azulada
Mike (em homenagem a Miguel) - marrom
Sarah (em homenagem a Fahred) - marrom [Christiana achou que uma galinha com nome muçulmano não era uma boa coisa, então pediu a Fahred para escolher um nome que equivalesse ao dele. O esperto rapaz sugeriu Sarah..]

Foi muito divertido ver a cara do José e do Miguel quando souberam que haveria galinhas com os nomes deles. O diálogo com a Christiana foi de chorar de rir. Aqui vai só um trechinho:
"José, escolha a sua galinha"
"Perdão?"
"Escolha a galinha que terá o seu nome".
"Você quer dizer, galo"?
"Não, José, galinha".
"Não! Não posso dar meu nome a uma galinha, pois sou um legítimo "machito" de Colômbia.
"Aqui não tem disso não".
"Tem sim. Sou macho. Por que não dar a ela o nome de Josefina?"
"Porque não consigo chamar a galinha por esse nome, e é muito comprido. E as galinhas têm de ter os nomes de vocês".
"Josefina é um lindo nome..."
"OK. Tá bom, vai ser Joe, mas é o seu nome, do mesmo jeito"...
"Humpf!"

Hoje cedo, no café da manhã, Christiana entrou na cozinha toda feliz dizendo:
"Joe is laying an egg just now (Joe está botando um ovo.)"
José não entendeu direito, então traduzi para ele e explodi numa gargalhada. Trocei dele o dia todo. Perguntei se ele seria capaz de comer o próprio ovo...
Quanto à Célia penosa, acho que vou ensinar a ela uma arte marcial, para o caso de alguma raposa metida a besta aparecer...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A volta para Hastings

Depois de amargar zero grau e com chuva em Frankfurt, voltei para Hastings. Sina me mandou uma mensagem dizendo que iria me buscar no aeroporto. Ela acordou de madrugada e viajou de carro, 1,5 hora. Sina me adotou como irmã mais velha. Uma alemãzinha que parece ter saído de um filme romântico. Foi bom voltar. Contei minhas aventuras e ri muito da cara de choque de Sina quando falei do motorista turco que queria fazer um programa comigo. Ela também ficou horrorizada com o que o alemão fez na loja em Offenbach (praticamente me enxotou). Até hoje me pede desculpas pelo tratamento que me foi dispensado no país dela. So sweet!
No domingo à tarde, chegou Miguel, um galante espanholito de 22 anos. Fofo e querido. É interessante como no primeiro dia todos chegam assustados e inseguros. Com o tempo, tudo muda.
À noite, um susto: uma raposa entrou no quintal e matou 5 das 6 galinhas de estimação de nossa Host Mother. As galinhas eram como filhas dela. Todas vacinadas, com nomes próprios. Só comiam comida orgânica e colocavam ovos saudáveis, que comíamos com muito gosto.
Tomei um susto. Raposa, na cidade? Pois é... aqui não há cães nas ruas. Há raposas!!! Foi realmente triste. Só a Wendy sobreviveu. "God Girl", disse o Host Father quando a resgatou, meio depenada e traumatizada. Quando fui ao quintal, tinha pena para todos os lados. E sangue. Christiana (a host mother) limpou tudo, segurando as lágrimas.
"São apenas galinhas", pensei, mas não para as pessoas da casa. As penosas eram mais que bichos de estimação, quase parte da família. A tristeza imperava. Dois dias depois, ironicamente, o jantar foi galinha assada. Entalei e não consegui comer.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Gente amada e querida

Fotos de pessoas que amo e que amei encontrar em Frankfurt.

Mestra Marta, Júlio e eu.

Raul, Otacilia e eu





Frankfurt (3)

Tenho de fazer um comentário a respeito de algo que me intriga. A fama das brasileiras no exterior e o meu... digamos... "mojo".
Pois bem, peguei táxi para me locomover na cidade. 3 dos 5 motoristas que encontrei eram da Turquia. Eles perguntavam: "De onde você é?" Quando eu respondia : "Do Brasil", eles se animavam: "Ah! Brezilia... Hot women... Samba... Do you dance samba?" Minha resposta: "No, I hate samba. I like Opera." Fim de conversa. [Um dos motoristas foi gentil e mudou de canal. Colocou música clássica para eu ouvir.]
Os estrangeiros acham que a mulher brasileira tem um aquecedor ou um motor escondido nas nádegas ou coisa parecida? Tudo bem que meu derrière é grande, mas peralá!
Na feira, talvez por conta de uma ameaça de ataque terrorista, começaram a revistar bolsas, malas, pacotes... Os seguranças eram na maioria turcos. Passei carregando uma bolsa enorme, cheia de catálogos. O segurança perguntou muito seriamente:"Onde estão os homens?". Olhei para ele aturdida. "Que homens?" Será que ele suspeita que eu faço parte de alguma quadrilha? E agora? Oh! My God, I'm in trouble!
Ele, então, sorriu e completou: "Você precisa de 2 homens... um para carregar suas coisas e outro para conduzi-la pela mão". Galante, não? E eu tão carente... Mesmo assim, sorri amarelo, peguei minhas coisas e saí sem olhar para trás. Vai que ele resolve se candidatar a carregador de Célia!Ô, dó!
Devo estar com os feromônios à toda, mas o interessante é que eles só parecem produzir efeito nos turcos. Estou pensando seriamente em ir para a Turquia...

Frankfurt (2)

Pois bem, o que dizer da maior feira de livros do mundo? É gigantesca, com "trocentos" blocos e andares, milhares de expositores - de todos os cantos do mundo. Fiquei pensando: "Geeeente, as pessoas gostam de ler, não importa o país!". Tá certo que nem todos os países têm uma massa crítica e leitora grande, mas creio que todos estavam representados lá.
Fiz bons contatos e agora terei de aguardar o resultado da semeadura.

O estande do Brasil estava uma graça. Matei a saudade de várias pessoas. Vi meu livro premiado com o selo do jabuti. Conheci gente interessante. Vi livros interessantes. O melhor de tudo foi poder conversar em inglês com várias pessoas sem precisar de tradutor/intérprete. Encontrei, em um mini-livro mexicano, uma frase que expressa muito bem o que sinto: "Meu coração é um livro". Alguém tem dúvida disso?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

De volta!!!

Gente, fiquei vários dias sem acesso a internet e sem poder usar meu computador por conta de um vírus (versão eletrônica do Influenza A) que se instalou no bichinho. Aos poucos voltarei a dar notícias, OK?
E pra vocês matarem a saudade, vejam que linda eu estava no primeiro dia da Feira de Frankfurt.
Contarei como foi nos próximos capítulos. Por ora estou estudando feito uma maluca para um teste importante na semana que vem.
Beijooooooooooooooooo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Frankfurt - primeira impressão

Fui de trem para Frankfurt. Incrível como o serviço é diferente. Ninguém te pede passaporte, nem te passa pelo detector de metais. Ninguém checa a bagagem. NADA. Qualquer terrorista pode viajar de trem pela Europa, tranquilamente, com bombas, pistolas, rifles e, se bobear, até um míssil!
Cheguei na estação central e descobri que meu hotel ficava a uns 35 km de Frankfurt. Os hotéis da cidade estavam lotados. Terei de ir à feira de trem. Como já estou acostumada a andar, não achei tão ruim. O duro é carregar livro pra lá e pra cá.
O problema é: na cidade em que estou, Offenbach, a população não fala inglês. Então, estou me sentindo como meu amigo Tadayuki em Hastings: totalmente órfã! Saí pra comprar um adaptador de tomada. Entrei numa loja (do tipo Leroy Merlin) e fui perguntando a quem passasse: Excuse me sir, I'm a tourist. Do you speak english?
As respostas eram No. Até que um senhor, muito vermelho, ficou gritando comigo: NO. NO. DEUTSCH. DEUTSCH!!! Saí da loja correndo. Voltei para o hotel muito frustrada. Fui pro quarto e chorei de raiva. De que adianta aprender inglês se estou numa terra em que ninguém me entende? Comecei a odiar a Alemanha. Depois pensei: Não é por aí... Ninguém tem culpa. Muito menos o país e a cidade. Vim para cá com um objetivo muito claro: fazer contatos na maior feira do livro da atualidade. E é o que farei amanhã. O resto eu dou um jeito de administrar. E comecei a aprender algumas frases em alemão, para o caso de alguma emergência.

Amsterdã 5 - The day after

Acordei dolorida, doloridíssima. Agora sei por que detesto pedalar. Aquele banco triangular acaba com a gente! Devolvi Hans e fui passear a pé. Tomei um barco e fiz um tour pelos canais. Reconheci muitas ruas por onde passei “voando” com o magrelo (os freios eram muito duros e quase fui arremessada em um dos canais). Ah! Hans, nunca fiquei tão feliz em devolver algo (you bloody bastard!)
Fui também ao museu do sexo, museu do erotismo... Porcarias pra tirar dinheiro dos turistas. Não vale a pena. [Guarde o dinheiro e compre um bom livro da Taschen sobre erotismo.]
À tarde, embarquei numa excursão para o country side. Vi cidades de pescadores: Marken e Volendam), andei de barco (de novo), fui a uma fábrica de queijo, a uma fábrica de tamancos e vi o que eu mais queria: moinhos!
A Holanda é realmente uma terra intrigante. Estávamos a 3 metros abaixo do nível do mar! Amazing!
Voltei à noite para a capital, mais cansada que corredor de maratona. Quando me arrastava pela rua, fui abordada por um rapaz muito alto. Hello, disse ele. Minha vontade era dizer: Só agora você aparece? Depois pensei que ele poderia me pedir 5 euros pro cigarro e respondi com um sorriso. Achei mais prudente ir direto para o hotel e continuei andando. Subi os 5 lances de escada, caí na cama e apaguei.

Amsterdã 4 - Arrumei um Hans...

Acordei cedo, tomei café, peguei um mapa da cidade e fiz um roteiro básico para o dia: comprar o bilhete de trem para Frankfurt, ir ao mercado das flores, visitar a casa de Anne Frank, o museu Van Gogh, o museu Rembrandt, o museu do sexo, etc., etc.
Saí andando pela rua e parei na frente de uma loja de aluguel de bicicletas. Ora, parecia uma boa ideia! Por que não? Aluguei uma magrela por 24 horas e, depois de ouvir todas as orientações e de aprender a fechar os cadeados, saí pedalando pelas ciclovias de Amsterdã.
Eu e Hans (o nome da magrela) não nos entendemos muito bem. Ele, alto demais para mim, cor de laranja, pedais duros. Eu, que há mais de 20 anos não sabia o que era pedalar de verdade, por pouco não devolvi o veículo imediatamente (pedalar bicicleta ergométrica na academia não nos habilita a sair pedalando pela rua). Mas insisti. Afinal, tanta gente faz isso... Foi um dia de aventura. O dia do QUASE: quase atropelei o bonde (tram), quase caí na rua (por 3 vezes), quase caí dentro de um canal. Mas sobrevivi. Fui ao mercado das flores, depois à estação central - onde pelejei pra encontrar uma vaga pro Hans naquele mar de bicicletas - comprei meu bilhete, depois fui até a casa de Anne Frank, tomei chuva na lombada e cheguei lá ensopada, mas esqueci completamente da chuva depois de ver a carinha daquela menina tão meiga e corajosa. Saí tão abalada de lá que perdi meu mapa. Fiquei pedalando meio perdida pelas ruas. Ia perguntando daqui e dali. Um rapaz de bicicleta passou por mim e viu que eu estava em apuros. Parou e voltou: Do you need help? perguntou educadamente. Perguntei para que lado ficava o museu Van Gogh, ele explicou. Depois chegou perto de mim e disse: Você poderia me arrumar 5 euros? [pra comprar hemp]. Fiquei chocada. Dei 1 euro para o rapaz. Pelo jeito como ele saiu resmungando, creio que deve ter me chamado de "mulher que trabalha na porta-vitrine". Oh! God!
Bem, de volta ao meu passeio...
Acho que foi o sightseeing tour mais comprido que alguém já fez. Mesmo assim, consegui chegar ao museu Rembrand e ao museu Van Gogh. E fiz tudo montada no Hans! Opa! na bicicleta!
À noite, fui ao Xtreme Cold – um bar dentro de um freezer a menos 8 graus. Distribuem jaquetas e luvas para os clientes e servem bebida em copos de gelo. Verdade! Mordi o meu copo só pra comprovar. Depois passaram uma animação em 4D tentando imitar A era do gelo (que fiasco!).
Esqueci de contar uma coisa: tinha tanto brasileiro em Amsterdã que eu me senti em casa! Falei português a maior parte do tempo, ora com turistas, ora com vendedores. Ô, língua abençoada!

Amsterdã 3 - a primeira saída

Saí às 11h pra comer algo e fui andando pela cidade. Sem mapa. Já tinha feito uma lista do que gostaria de ver e começaria pelo Red Light District (a região em que ficam os sex shops, os inferninhos e as prostitutas credenciadas). É proibido tirar fotos e a punição é cadeia.
Pergunta daqui e dali, achei o lugar. Na verdade, é uma região, com ruas estreitas e lojas grudadas umas nas outras. Tudo ali gira em torno do sexo. Há centenas de portas-vitrines em que as prostitutas se exibem para atrair os clientes. Muito diferente. Algumas delas lixavam as unhas, outras falavam ao celular, outras dançavam. Outras ficavam se esfregando nas vitrines e outras pareciam estar em seu próprio mundo: nem davam bola pra quem passava.
Fiquei observando a reação das pessoas. Hordas de turistas e nativos passavam olhando as moças em ação. Haja pescoço pra suportar tanto giro do pescoço. Juro que me senti num shopping center. Alguns homens ficavam tão excitados que não resistiam, eram abocanhados pelas portas-vitrines, que se abriam com promessas de prazer e... (como este blog é lido também por menores de idade, deixo a critério de sua imaginação completar a frase com o que vem depois).
Tinha um homem gritando no meio da rua: “I want lots of p- - - -es”. E outros homens faziam coro, alguns em línguas que eu nunca havia escutado antes.
Aquelas mulheres não são vistas como seres humanos, e sim como v- - - - as com pernas. Objetos para o prazer. A profissão mais antiga do mundo pode até ser protegida por lei na Holanda, mas ainda não é valorizada. Voltei para o hotel pensando muito sobre essa aclamada liberdade sexual. No caminho, fui espremida feito um sanduíche por dois rapazes, aparentemente bêbados, que riram da minha cara de susto. Dei uma bronca nos dois em bom português, assim evitava qualquer mal-entendido.
Voltando à minha reflexão: Sei que uma parte significativa daquelas moças está lá por opção, paga a faculdade com o dinheiro que ganha com esse trabalho, etc., etc. Mas meu lado feminista deixou meu lado “mulher romântica e sonhadora” deprimido. O sexo, por aqui, não é cercado de tabus, como nos demais países, mas as pessoas que vêm aqui visitar o lugar trazem seus tabus e preconceitos. E algumas delas confundem as coisas.
Cheguei no quarto e fiquei me olhando no espelho, como se estivesse numa vitrine. Definitivamente, eu não sobreviveria nessa profissão!

Amsterdã 2 - escadas!!!

Fiz reserva no Hotel Imperador (vi na internet). Pequenino, bem no centro de Amsterdã. Pertinho do fervo. Preço ótimo e localização perfeita.
Recebi um e-mail avisando que a recepção fechava às 20h mas como meu voo pousaria na cidade exatamente nesse horário, não haveria ninguém na recepção. Recebi todas as instruções para entrar no hotel, e uma senha para abrir a porta principal.
OK. Desci do táxi depois da conversa surreal com o motorista e, quando cheguei ao hotel, quase tive um treco: não tinha elevador. Subi 5 lances de escada carregando a pequena mala de 20 kg. Cheguei no quarto acabada, braços adormecidos. Bem feito. Toda vez que viajo é assim: viro burro de carga (e não aprendo!).
Mas o hotel era uma graça. O quarto era aconchegante e o banheiro tinha uma Jacuzzi vertical fabulosa, que massageava as costas. Era tudo o que eu queria e precisava.

Amsterdã 1 - a chegada

Minha super hiper mega master blaster aventura de fim de semana foi viajar para Amsterdã. Era outro sonho antigo.
Essa viagem realmente vai ficar na memória, por conta de tudo o que aconteceu. Bem, pra começar, peguei o trem errado de Hastings até o aeroporto Gatwick. Por sorte, havia saído mais cedo e cheguei a tempo.
Além disso, fiz uma mala enorme, pois iria para Frankfurt depois e não sabia se o tempo ficaria estável (há dias de calor intercalados com frio e chuva). Carregar a bichinha não foi nada fácil.
Cheguei na capital holandesa e tomei um táxi para o hotel. O motorista, um turco muito articulado de nome Izzit, puxou papo, perguntou de onde eu era. Ficou animado quando soube que eu era brasileira e me disse que um dia irá ao Brasil. Perguntou se eu não gostaria de ir até o distrito da luz vermelha naquela noite e disse que se eu me sentisse sozinha ele se oferecia para me fazer companhia.
Achei que fosse uma oferta profissional, pra alugar o táxi e fazer um sightseeing tour exclusivo. Pedi o cartão dele. Só entendi o espírito da coisa quando ele me perguntou se eu viajava sempre desacompanhada, se era casada, se tinha filhos, etc. e me convidou para sair na noite seguinte, ir fumar um cigarro (“daqueles”) e por aí vai... Weird! Fiz cara de paisagem, fingi que não entendi nada e desconversei. Quando ele me deixou no hotel, disse que iria me buscar no dia seguinte. Desconversei de novo, dizendo que não sabia ainda o que fazer primeiro mas que telefonaria caso decidisse algo.
Fiquei espantada. Mesmo. Mas meu inglês está bem melhor agora e tenho certeza de que entendi o que ele disse. E também compreendi o olhar que ele me deu quando se despediu. Foi um tanto surreal, mas valeu pela massagem intensiva no ego.

sábado, 10 de outubro de 2009

BIRRIGADEIRROS

Festa de aniversário que se preze, no Brasil, tem de ter brigadeiro. Pois bem, fizemos uma festa de aniversário para a Sina (na foto, é a primeira na pose de Shiva) e prometi fazer brigadeiro, beijinho e caipiroska. Já comentei, numa postagem anterior, a dificuldade de achar os ingredientes. Comprei barras de chocolate meio amargo para os brigadeiros, mas como não conhecia a marca, acabei entrando numa furada. Quando o chocolate começou a derreter, não exalou aquele cheirinho gostoso de brigadeiro brasileiro. Parecia plástico! O raio do chocolate tinha mais gordura vegetal que cacau (e sabe-se lá mais o quê). A consistência ficou totalmente diferente da original. O chocolate granulado não grudava nas bolinhas. Sina, eu, a mãe dela e a irmã passamos a noite enrolando os dito-cujos (uns 150). Me deu uma raiva... Por pouco não joguei tudo no lixo. Resultado: os brigadeiros ficaram uma droga! Os gringos comeram e gostaram. Quem nunca tinha visto brigadeiro na vida achou “good”. GOOD? Um brigadeiro de verdade tem de provocar um orgasmo em quem come, e não um simples "good". Eu me senti uma fraude.
Decidi mudar o nome do acepipe, só de birra, para BIRRIGADEIRRO. Quando eu conseguir acertar a receita, restaurarei a dignidade do doce e seu verdadeiro nome.
Em compensação, os beijinhos ficaram D I V I N O S. Quando fui comer um, já tinham devorado tudo. Ponto pra mim!
A caipiroska, então, merece uma postagem só pra ela. Estou cada vez melhor. Até ensinei uma amiga da Sina, da Lituânia, a fazer, e não é que ela aprendeu direitinho? Também tive de ensinar a turma a fazer beijinho. [Ah! Também fiz Cuba Libre para a rapaziada. Assim vou acabar arrumando emprego de Bartender.]
Percebi uma coisa bem bacana: quem estava dirigindo não bebeu nada. Isso é que é consciência (e medo da polícia, pois aqui dá cadeia e uma multa pra lá de alta).
Depois de tomarem caipirinha, cuba libre, vinho e cerveja, a galera foi dançar. Eu trouxe umas músicas brasileiras bem legais no meu notebook e fiz uma seleção pro DJ da festa. Foi uma delícia. Só deu Brasil: Cássia Eller, Zeca Baleiro, Secos e Molhados, Elis Regina, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Rita Lee... E, claro, Zeca Pagodinho. Deu gringo no samba, Oh, Yeah!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Visitas mais que queridas

Quem tem amigos nunca está só. Meus amigos queridos Lourdes e Clóvis estavam em Portugal e resolveram dar uma "esticadinha" pra me ver. Ontem recebi uma mensagem mais ou menos assim: "Estamos em Calais, chegaremos amanhã. Qual é o endereço?" Quase tive um treco. Fazia mais de um ano que eu não via os dois. Moramos no Brasil, mas só conseguimos nos encontrar na Europa. Chique né? Eu diria trágico. A pressa, o trabalho, enfim, a vida que levamos muitas vezes acaba nos afastando do contato com família e amigos. Não deveria ser o contrário? Bem... Deixemos esses questionamentos para depois. Hoje estava na aula quando recebi um SMS. Eles estavam em Hastings, porém perdidos. O GPS deles, carinhosamente apelidado de Catarina, não reconhecia a rua. Saí correndo da sala para pegar um mapa e escrever um roteirinho básico. Katie, uma das professoras, me ajudou. Porém, na hora de escrever a mensagem, eu não conseguia lembrar de várias palavras em português, como por exemplo "cabine telefônica". Escrevi "casa do telefone". DÃÃÃ!
Como as mensagens demoravam, acabamos nos falando por telefone. Eu falando feito um GPS humano, metade em português, metade em inglês. Saí para esperar os dois na frente da escola. Quando vi o carro chegando, que alegria! Abracei Lourdes e... adivinhem só? CHOREI feito uma bezerra desmamada. Minha doce amiga me olhou e disse: "Você deve estar realmente se sentindo sozinha aqui". Não é solidão, Lou. É emoção mesmo! Apresentei os dois para o pessoal da escola, também me atrapalhando com os idiomas. Falava português com os estrangeiros e inglês com os brasileiros. Depois almoçamos num restaurante chinês e passamos a tarde juntos. Fomos até o centro comercial pegar folhetos e mapas para os dois planejarem a viagem pela Inglaterra. Clóvis me deu uma aula sobre arquitetura de igrejas, sobre o porquê de os carros andarem pelo lado esquerdo da rua (a origem perdida tem a ver com o rei Salomão, eu acho!) e sobre um monte de coisas interessantes (é inteligente demais essiminino!). Depois eles partiram para Brighton. Deixaram meu coração mais leve e fizeram meu dia ser mais iluminado. Que delícia! Espero que a Catarina não resolva entrar em greve e faça os dois irem parar na Irlanda!!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Laços invisíveis

Desde segunda-feira tenho sentido uma "dor" no peito, uma saudade, um incômodo. Pois bem, acabo de receber um e-mail do meu irmão dizendo que ontem meu pai passou mal. Foi parar no pronto-socorro. Mas que agora está bem.
Há laços incrivelmente poderosos que nos unem às pessoas que amamos (família e amigos). Mesmo distantes, sentimos quando algo não vai bem, e não há distância que rompa isso.
Cada um explica do seu jeito. O meu é simples: estamos conectados e não entramos na vida uns dos outros por puro acaso. Sempre há um porquê (o duro é descobrir exatamente isso!)
E, já que estou na terra de Shakespeare, finalizo com um trecho de Hamlet: "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia".

SAUDADE

Ontem o dia estava do jeito que eu gosto: cinzento, frio e chuvoso. Hoje há uma neblina linda que esconde até as árvores. Para os ingleses, não está frio. Para mim, é o paraíso. Mas, como eu digo no "Recado da chuva", a chuva faz a gente olhar para dentro, e desde ontem estou sentindo uma saudade tão grande da família e dos amigos que chega a doer. Não há aspirina que faça passar. Fico olhando fotos no meu álbum e lendo e-mails antigos. Ah! Chuva amiga, lave essa saudade que me dói no peito...

domingo, 4 de outubro de 2009

Fish and Chips com sabor de saudade

Domingo, dia preguiçoso... Não aqui! Acordei super cedo e fui me despedir do meu grande amigo Tadayuki. Depois de 8 semanas em Hastings, voltou para Tóquio, cheio de saudade da esposa, Noriko, e dos filhos Leo e Shion. Antes de ir, fez a costumeira reverência e disse: "Céria very kind. Thank you." e me deu um presente.
Depois de derramar algumas lágrimas (muito disfarçadamente), lavei minha roupa, tomei café, arrumei o quarto, fiz as unhas, tirei a sobrancelha, etc., etc., etc. O olhar vira e mexe batia no presente: uma caixa com a imagem de Tóquio. "Sayonara, Tadayuki San."
Fui com Sina, Élia e José ao Fishermen's Museum e ao Shipwreck Museum. É impressionante a quantidade de navios afundados por aqui. Pensei no meu irmão o tempo todo. Ele é mergulhador e já localizou um naufrágio no litoral brasileiro. Que orgulho de você, mano. E que saudade!Depois fomos almoçar na Old Town. Comemos Fish and Chips (e dá-lhe batata!). Andamos pela praia, vimos as gaivotas bem de perto, as crianças brincando no meio delas, conversamos sobre a vida, sobre o que faremos depois que formos embora, sobre família, saudade, amor, carreira, sonhos... Papo cabeça, estranho para um domingo gelado de outono.
Na hora do jantar, a cadeira do nosso Samurai estava vazia. Deu um nó na garganta. Em compensação, imagino o que uma esposa e dois meninos, de 9 e 5 anos, do outro lado do mundo, sentirão quando o virem ao vivo e em cores: URESHII!!!

Conhecendo a história da família Silva (I)

Minha avó paterna e sua irmã caçula viveram em Brighton, no início do século XX (190?-1917). Eu sabia pouca coisa: o convento/colégio interno em que elas haviam estudado foi destruído na guerra e se chamava Santíssimo Sacramento (Blessed Sacrament). Pois bem, estive em Brighton, no Centro de Pesquisas, para tentar obter alguma informação sobre o lugar em que elas moraram.
Cheguei lá e perguntei às duas bibliotecárias se elas poderiam me ajudar a encontrar alguma documentação do período em que minha avó esteve lá. O nome completo da escola, enfim, qualquer coisa. Baixaram livros antigos, com nomes de conventos, listas de endereços, listas de imigrantes com sobrenome SILVA, de 1906 a 1920... NADA!!!
De repente, uma delas disse, “Houve um censo aqui em 1911. Deve haver alguma informação lá”. Ela acessou um site específico desse censo e depois de alguns segundos de procura, sorriu e me disse: Acho que encontrei. Quando ela virou o monitor para mim, lá estava: LAURA DA SILVA - FEMALE - BORN IN 1897 IN BRAZIL. Fiquei tão emocionada ao ver o registro da minha avó ali que comecei a chorar. A bibliotecária chorou junto comigo, saiu de trás do balcão e veio me abraçar. Choramos as duas, abraçadas, por alguns segundos. So nice!
Acessei o site e vi, escaneada, a página original do caderno do Censo de 1911, onde estavam os registros de minha avó e de minha tia-avó, Luiza, bem como os dados do colégio.
A outra bibliotecária (que também chorou), foi buscar entre os mais antigos mapas da cidade a localização exata da escola. Quando ela achou e comparou com o mapa atual, viu que muita coisa estava diferente, mas a rua ainda existia. Me deu um sorriso e disse: "Pode ir, mas saiba que está tudo mudado".
Andei quilômetros, morro acima, e achei o lugar. É outro colégio hoje, mas estava fechado. Não pude entrar. Tirei fotos da placa da rua (Walpole Road) e da fachada do colégio.
Senti minha avó comigo! Andei pelas ruas em que ela andou, há cem anos! Foi realmente um dia muito especial. God bless you, Grandma! And thank you very much.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Aprendendo a conviver

Gente, hoje vi a bandeira do Brasil na escola e me deu uma alegria tamanha que eu beijei a lindinha! Caramba! Acho que estou sentindo falta da minha casinha, tão arrumada e limpinha, pois moro numa espécie de república. Uma zona, pra falar o português correto. Faz 3 semanas que estou aqui. Pois bem, faz 3 semanas que alguém largou os sapatos na porta de entrada da casa. Eles continuam lá. E uma das moças esqueceu o sapato de festa na sala. Está lá, virado para cima, do jeitinho que ela deixou. Sabe aqueles filmes americanos que mostram uma casa de pernas para o ar? É essa aqui! Mas não tem farra não. O povo dorme cedo e sai quando nem amanheceu o dia.
Por sorte, meu quarto é o mais isolado. Uma ilha no meio do caos. Entro e saio driblando os obstáculos e vou para o meu cantinho. Até isso me surpreende. Se fosse outra época, eu estaria tendo chiliques, estressada, nervosa. Qual o quê! A única coisa que anda me enervando é o chuveiro. O danado insiste em não esquentar quando eu mais preciso dele. Ou resolve esfriar no meio do banho. Esse, sim, me deixa "nos cascos". Cansei de tomar banho gelado. Acho melhor não tomar mais banho. Assim economizo água e ainda ajudo a economia do país, que está um caos por conta da crise financeira mundial.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Let's party!

Tô pra ver gente mais festeira que a turma da escola. Tudo é motivo pra festejar. Desencravou a unha? Let's party! Chegou no horário? Let's party! Vem uma leva de novos alunos para a escola? Let's party!
Mas festa grande, mesmo, teremos semana que vem. Sina (Alemanha), minha colega de Homestay e de classe, fará 20 anos. Daremos uma superfesta para ela. Prometi fazer brigadeiros, mas combinei que só vou deixar o pessoal comer se acertarem a pronúncia (maldade a minha, eles estão treinando até agora e ainda não conseguiram). E, atendendo a pedidos, farei também minha famosa caipiroska. Fomos ao maior supermercado em que já estive, o TESCO, para comprar os ingredientes. O mais difícil foi encontrar o bendito chocolate granulado, que aqui se chama (só descobri hoje) "chocolate flavour strands". Então, caso algum de vocês precise fazer brigadeiro na Inglaterra, já sabe como pedir o dito-cujo.
Amanhã, sexta-feira, tem "disco" e a gente quer fazer bonito. Então, depois do jantar, estávamos ensaiando na cozinha. José (Colômbia) tentava ensinar o Passo Doble para mim e Sina. Quase demos um tranco na Host Mother e a derrubamos no chão. Depois eu tentei ensinar lambada para eles. Meu Host Father entrou na cozinha e tentou imitar a gente. Sem chance! [Abençoada ginga brasileira...]