Saí às 11h pra comer algo e fui andando pela cidade. Sem mapa. Já tinha feito uma lista do que gostaria de ver e começaria pelo Red Light District (a região em que ficam os sex shops, os inferninhos e as prostitutas credenciadas). É proibido tirar fotos e a punição é cadeia.
Pergunta daqui e dali, achei o lugar. Na verdade, é uma região, com ruas estreitas e lojas grudadas umas nas outras. Tudo ali gira em torno do sexo. Há centenas de portas-vitrines em que as prostitutas se exibem para atrair os clientes. Muito diferente. Algumas delas lixavam as unhas, outras falavam ao celular, outras dançavam. Outras ficavam se esfregando nas vitrines e outras pareciam estar em seu próprio mundo: nem davam bola pra quem passava.
Fiquei observando a reação das pessoas. Hordas de turistas e nativos passavam olhando as moças em ação. Haja pescoço pra suportar tanto giro do pescoço. Juro que me senti num shopping center. Alguns homens ficavam tão excitados que não resistiam, eram abocanhados pelas portas-vitrines, que se abriam com promessas de prazer e... (como este blog é lido também por menores de idade, deixo a critério de sua imaginação completar a frase com o que vem depois).
Tinha um homem gritando no meio da rua: “I want lots of p- - - -es”. E outros homens faziam coro, alguns em línguas que eu nunca havia escutado antes.
Aquelas mulheres não são vistas como seres humanos, e sim como v- - - - as com pernas. Objetos para o prazer. A profissão mais antiga do mundo pode até ser protegida por lei na Holanda, mas ainda não é valorizada. Voltei para o hotel pensando muito sobre essa aclamada liberdade sexual. No caminho, fui espremida feito um sanduíche por dois rapazes, aparentemente bêbados, que riram da minha cara de susto. Dei uma bronca nos dois em bom português, assim evitava qualquer mal-entendido.
Voltando à minha reflexão: Sei que uma parte significativa daquelas moças está lá por opção, paga a faculdade com o dinheiro que ganha com esse trabalho, etc., etc. Mas meu lado feminista deixou meu lado “mulher romântica e sonhadora” deprimido. O sexo, por aqui, não é cercado de tabus, como nos demais países, mas as pessoas que vêm aqui visitar o lugar trazem seus tabus e preconceitos. E algumas delas confundem as coisas.
Cheguei no quarto e fiquei me olhando no espelho, como se estivesse numa vitrine. Definitivamente, eu não sobreviveria nessa profissão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário